O que é o perdão? O que é perdoar? Fechar os olhos, fingir que não sucedeu? Não olhar para trás, seguir em frente, não mais lembrar o que foi feito? Dormir descansadamente noites a fio, sabendo que existe algo que ainda pulsa, que ainda vive, que ainda mói? Dormir descansadamente sobre a questão ; é isso perdoar?
É perdoar dar a outra face? Esperar pacientemente que venha outro morteiro destruidor que arrase tudo o que foi feito?
O que é o perdão, o que é perdoar, afinal?
É conseguir-se fechar os olhos, não ver mais? Escolher deixar uma ponta solta, escolher confortavelmente não a ver, não a cortar, ou não lhe dar um nó, é perdoar? É deixar ir saber que continua uma cratera fumegante no chão, mas escolher não passar por ela, passar antes ao largo? É perdoar?
E esquecer? É intrínseco com o perdão? Perdoa-se, deixa-se ir. Mas esquece-se? Desmemoriza-se, de facto? É possível deixar de fixar o local onde caiu uma lágrima, onde se abriu uma chaga? Fica uma memória vazia porque não se gostou do que se foi desenvolvendo, mas porque se tem que se esquecer? É suficiente para apagar da memória só porque se perdoou?
Porque é que, se se perdoou, não se esquece? Porque é que a ideia fica sempre presente se, afinal, tudo foi apaziguado por palavras doces e lágrimas reconfortantes? Não era suposto, já que se escolheu perdoar, esquecer-se?
Então porque é que tudo surge mais claro que nunca? Porque é que o que alegadamente está perdoado vem sempre à tona quando a insónia ataca em forca? Porque é que essas imagens são mais nítidas em frente ao objecto do “perdão”? Porque é que as palavras ecoam nos ouvidos em todos os momentos, lembrando o que foi feito? Porque é que nada foi enterrado, afinal? Porque é que tudo ainda vive?
Então, porque não é possível perdoar e esquecer?
Porque pulsa o ódio, porque revolve a insónia, porque ecoam palavras, porque corre o sangue mais veloz perante a memória.
Porque rompe, rasga, dilacera, fere, corrói, aperta, persegue ; não dorme, não descansa, não morre.
Porque não foi perdoado. Ou esquecido. Porque não se dissociam os dois conceitos. Porque a insónia é prima afastada deles. Porque o ódio é pai de todos. Que não pára, não perdoa, não esquece.
É perdoar dar a outra face? Esperar pacientemente que venha outro morteiro destruidor que arrase tudo o que foi feito?
O que é o perdão, o que é perdoar, afinal?
É conseguir-se fechar os olhos, não ver mais? Escolher deixar uma ponta solta, escolher confortavelmente não a ver, não a cortar, ou não lhe dar um nó, é perdoar? É deixar ir saber que continua uma cratera fumegante no chão, mas escolher não passar por ela, passar antes ao largo? É perdoar?
E esquecer? É intrínseco com o perdão? Perdoa-se, deixa-se ir. Mas esquece-se? Desmemoriza-se, de facto? É possível deixar de fixar o local onde caiu uma lágrima, onde se abriu uma chaga? Fica uma memória vazia porque não se gostou do que se foi desenvolvendo, mas porque se tem que se esquecer? É suficiente para apagar da memória só porque se perdoou?
Porque é que, se se perdoou, não se esquece? Porque é que a ideia fica sempre presente se, afinal, tudo foi apaziguado por palavras doces e lágrimas reconfortantes? Não era suposto, já que se escolheu perdoar, esquecer-se?
Então porque é que tudo surge mais claro que nunca? Porque é que o que alegadamente está perdoado vem sempre à tona quando a insónia ataca em forca? Porque é que essas imagens são mais nítidas em frente ao objecto do “perdão”? Porque é que as palavras ecoam nos ouvidos em todos os momentos, lembrando o que foi feito? Porque é que nada foi enterrado, afinal? Porque é que tudo ainda vive?
Então, porque não é possível perdoar e esquecer?
Porque pulsa o ódio, porque revolve a insónia, porque ecoam palavras, porque corre o sangue mais veloz perante a memória.
Porque rompe, rasga, dilacera, fere, corrói, aperta, persegue ; não dorme, não descansa, não morre.
Porque não foi perdoado. Ou esquecido. Porque não se dissociam os dois conceitos. Porque a insónia é prima afastada deles. Porque o ódio é pai de todos. Que não pára, não perdoa, não esquece.
O que é o perdão ; o que é perdoar?
Resposta : não odiar.
AS