quarta-feira, 17 de março de 2021

Em 2021, Ainda Isto

Quando, em conversa com um Colega, me pergunta se sou casada, se tenho filhos e porque não tenho mais porque a condição da mulher é ser mãe, porque esse é o chamamento da Mãe Natureza, não apraz dizer mais nada senão mandar passear para o cesto da gávea.

E, não contente com a brincadeira, ainda me manda às trombas, como se estivesse a dizer a coisa mais básica do mundo, que as mulheres querem-se doces porque para guerrear estão cá os homens, enquanto me lançava olhares gulosos a todos os cantos do meu decote que, por acaso estava tapado até ao pescoço, que eu sou pessoa friorenta.

Obviamente que este é um exemplo triste e, gosto de pensar, isolado.

No entanto, todos os dias há sempre alguém, normalmente mulheres, que nos dias de hoje, ainda têm histórias destas para contar, que todos os dias têm de ouvir este tipo de barbaridades bacocas em muitas circunstâncias da vida.

Portanto, será exemplo isolado mas não inexistente.

Ultimamente tenho ouvido muitas criaturas que não devem ser deste mundo ou, se o são, devem passar o tempo sob o efeito de substâncias psicotrópicas, dizer que já não se pode dizer nada, que é uma ditadura, que a ideologia de género é não-sei-quê, que as feministas são não-sei-que-mais, e espanta-me como é que ainda conseguem ser, para além de egoístas, acéfalos.

Porque somente uma pessoa acéfala pode pensar em verbalizar esta postura de desculpabilização de agressões psicológicas quando ainda há quem se sinta confortável em dizer estas coisas a outras pessoas, julgando-as inferiores pelo seu género, sem qualquer pejo nem receio pelas consequências. 

Se há quem ache que esta conduta se admite, lamento, mas creio-os iguais aos que têm adotam de facto esta conduta como modo de vida, já que com eles são coniventes.

Portanto, puta que pariu esta conversa de merda. 

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