Mais de um ano depois, o regresso.
A ideia era durante o ano de 2020 experimentar outro tipo de escrita, tipo diário, coisa mais íntima, mais profunda, não para partilhar, mas para esconder, pensamentos negros e horripilantes, coisas (ainda mais) chatas e desinteressantes.
Afinal, o ano de 2020 transformou-se numa espiral gigante de porcaria, confinamento e solidão social, pelo que a intimidade e profundidade de escrita que se pretendia acabou atirada para um canto. Não havia mais nada para escrever que não fossem crónicas do encerramento domiciliário, quilos ganhos, longe de todos, longe da vida. Quem é que quer manter um diário assim?
Muitas vezes pensei em abrir o blogger e escrever um ou outro desabafo. Mas, não vislumbrando o propósito, deixei andar. Se este já era um antro de queixume, agora com esta esquizofrenia de pandemia e loucura, até à própria isto haveria de parecer um repositório de tristeza e idiotice. E, por isso, não o fiz.
Aguardei que os primeiros três meses de 2021 não fossem a confirmação da continuidade que 2020 ofereceu. Tive esperança que esta dinâmica tivesse um fim. Não teve. Tive esperança que as soluções fossem chegando, não com a velocidade supersónica, mas de cruzeiro e que se pudesse voltar à vida de antes naturalmente. Não aconteceu.
Durante dois meses, tudo voltou a estagnar, a adormecer, a esmorecer. Todo este tempo pareceu o seu dobro, tamanha a frustração e o desencanto. Claro que foi por um bem maior; mas os bens menores também sofreram.
Como em três meses nada mais se observou que não fosse um 2020 renovado, achei que o queixume estava legitimado novamente - até porque é desporto nacional - e, portanto, estou de volta.
Viva o queixume.
2020, temporada 2.
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