quarta-feira, 10 de maio de 2017

"Lindo Menino. Neste Momento, 'Tás Detido" - Dissertação Sobre o Estado de Polícia em que Afinal Vivemos

O que me espanta é que ainda haja gente que acha muito bem que aquele militar da GNR, leia-se brutamontes descerebrado, tenha usado uma manobra toda karateca num pobre diabo que estava a usar uma porra de um telefone, a fazer um escarcéu qualquer numa qualquer repartição de Finanças (que funcionam todas muita bem, benzás deus).



Porque, como está bom de ver, o senhor do telemóvel estava a matar pessoas e aquele foi um acto heróico; aquele homem salvou vidas!

Não, estava a sequestrá-las e o bófia, com uma coragem inigualável, pôs fim àquele terror!

Não, não, estava com um pau a bater em toda a gente e o senhor polícia, com enorme sacrifício pessoal, foi lá fazer-lhe frente!




Pois, exacto, como já se viu, é já a seguir...

O homem estava a pôr em perigo alguém?
Estava a ser violento?
Estava a ameaçar a vida e a integridade física de outros?


Não, estava apenas a ser malcriado e a filmar num espaço proibido.
Que se saiba, não é comportamento que justifique o uso da força como se de um estado de necessidade se tratasse.
Portanto, NÃO SE JUSTIFICA a conduta do jagunço que lhe deitou as mãos ao pescoço para o deter. Há procedimentos a seguir. Que chamasse reforços e que procedessem à detenção segundo as normas em vigor. Não é um "acto que mereça público louvor", é uma pouca vergonha e um atentado aos pilares da democracia e de um Estado de Direito.

Sendo porca até à 15ª geração, apetece-me dizer que isto não é por acaso, é apenas meramente gratuito; se fosse um homem caucasiano, a coisa dava-se? Se fosse um português, isto aconteceria?
Não perdendo tempo com demagogias, digo abertamente que não.
Claro que não.
Só se atacam os fracos, os que não têm defesa, os que não podem ripostar, os que não têm voz. Lamento, mas há aqui um quê de racismo. E uma enorme dose de violência policial contra o cidadão comum da qual não se fala, mas que devia dar azo a um debate público.

A porra da polícia, parece, não faz mais nada senão partir para o enxovalho e para a porrada. Assim de repente, lembro-me da agressão a um adepto do Benfica em Guimarães, com um cassetete de aço, lembro-me do pontapé na cabeça a um membro de uma claque e tantos outros casos em que a polícia resolve ser absolutamente pidesca e abusar do poder que detém.

E isto, meus caros, deveria encher-nos, a todos, de vergonha. É preciso tomar medidas. É preciso diligenciar para que estes casos conheçam um castigo exemplar para a "autoridade" que agiu de forma animalesca e profundamente desregrada.
Andámos todos, nem há duas semanas, todos contentes a comemorar o 25 de Abril e as liberdades conquistadas para depois andarmos a aplaudir actos de violência da polícia contra o cidadão sem razão aparente?! Por amor da santa!

Triste será o dia em que, voltando ao passado de regime ditatorial,  um acto desmedido e desproporcionado da polícia não tenha consequências.
Terá chegado tal dia?

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