Ultimamente, para além de andar desaparecida para o mundo, tenho vindo a padecer de uma série de maleitas. O que não seria nada de extraordinário se fossem doenças ditas normais, que toda a gente tem de vez em quando, uma gripe, uma pontada, um arranhão, tudo derivado de pequenos acidentes domésticos e infortúnios que fazem parte do dia-a-dia.
Mas não.
Não, não senhor.
Os meus males são típicos da terceira idade. Alguns também porque sou estúpida, mas maioritariamente porque me acodem doenças de velha.
Vejamos:
Resolvendo fazer praliné de caramelo e nozes, achei que era boa ideia testar a temperatura do caramelo com a ponta dos dedos.
Isto porque, e isto é absolutamente verídico, passou-me pela cabeça, meio segundo antes de fazer a idiotice de mergulhar os dedos no açúcar fervente, uma história que corre na família acerca da minha bisavó, que já não conheci, que virava as brasas do seu carvoeiro com as mãos; pensando cá para mim que, correndo parte do sangue dela nas minha veias, o meu corpo estaria preparado para grandes temperaturas porque tal já me estaria no ADN.
Claro que me fodi grandemente. Este incidente deu-se efectivamente porque sou estúpida, mas há que dizer que fui logo a correr pôr manteiga, tal como uma boa e típica velha. Depois também me fartei de gemer com dores, igual a uma idosa, maneiras que equilibrei um bocado as coisas.
Não contente com a merda do caramelo já me ter rebentado com os dedos, tudo graças à minha imensa inteligência, como está bom de ver, depois de já tudo frio e com as nozes aprisionadas dentro do açúcar, decidi provar a minha obra.
Estava delicioso, diga-se.
Não obstante, parti um dente ao trincar aquela porra. Um dente da frente. DA FRENTE, CARALHO! Vá de ir a correr para o dentista para consertar o túnel aberto no meio da boca (era só uma lasca, mas a mim parecia-me uma vala comum escancarada a céu aberto).
Depois de feito o arranjo do meu lindo dentinho, o senhor doutor dentista deu-me uma palestra sobre a minha nova vida, dali em diante: nada de trincar fruta rija, cuidado com os frios e os quentes, nada de comer entrecosto à dentada, o máximo de cuidado daqui para a frente. Só faltava recomendar-me Corega para fixar a dentadura, porra. Entrei, portanto, no dentista com 31 anos, saí de lá com 84. Merda mais a isto.
Como já estava tudo a correr tão bem, nesse mesmo dia, olho para os meus ricos pés e vejo uma porra de uma mancha numa unha. Já se está mesmo a ver o que é, não é... Aceitando o meu destino de idosa a dar as últimas, lá me resigno a fazer uma porcaria de um tratamento às unhas que vai durar um mês. UM MÊS INTEIRO com porras nos pés sem poder calçar sapatinhos bonitos porque ficam à vista as ligaduras das minhas leprosidades.
Como é que uma pessoa (relativamente) nova fica velha tão depressa?!
Caralhos ma fodam mais à sorte.
E você?
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