segunda-feira, 4 de maio de 2015

Da Idade Idosa

Estou a ficar velha.
Muito velha.
Detecto que não tenho tanta paciência, que já de si era pouca, para disparates e coisas normais da pouca sapiência. Não tenho paciência para a estupidez e a distração. Não tenho paciência para a vida, no fundo.
Pergunta aquela alminha, com o ar mais natural do mundo, o que é o balcão nacional do arrendamento.
Depois de recuperar lentamente do AVC que se me deu entretanto, lá consigo levantar-me do chão e olhar para a criatura, como antes nunca a tinha olhado.
Entretanto esqueci-me que também já fui estagiária e que nem hoje sei o que devia saber, quanto mais ... Esqueci-me que felizmente ainda fiz o estágio em nova e que não tenho 50 anos nem uma casa cheia de filhos para tratar enquanto tento trabalhar alguma coisa na advocacia.
Esqueci-me o que era ser largada às feras e ter orais todos os dias, enquanto os colegas andavam às voltas com novas questões para me colocar e embaraçar.
Esqueci-me de tudo isso.
Mas não disse nada.
Mas pensei, pensei muitas coisas das quais não me orgulho nem só um bocadinho.
Perdi a juventude, hoje, porque me esqueci o que é ser estagiário e saber pouco, avaliado por advogados, que não sabem nada.

Estou velha.
Muito velha.

Sem comentários: