segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Verdade Irrefutável

Quando precisamos da bófia, a bófia não consta.
Quando a bófia fazia melhor se estivesse longe, a bófia, na verdade, está a ver-nos fazer asneiras.
E esta premissa tem tanto de irónica como o resto das ironias da vida.
Quando vemos um filho da mãe qualquer a ultrapassar pela direita, a fazer manobras perigosas, a fazer razias para chegar mais depressa ao destino, a fazer a via toda pela berma para não ir na fila, a pastelar na faixa do meio, a apitar a toda a gente, a fazer coisinhas com os dedos aos que vão a cumprir o código, a não respeitar stops e sinais de prioridade e tantas, tantas outras asneiras que os outros fazem, mas que ninguém vê, muito menos a bófia está por perto para autuar devidamente. Já para não falar naquelas situações em que os mitras vêm pedir moedas ou tabaco e acabam por levar o telemóvel, mas isso já era pedir demais.
Porém, quando uma pessoa vai cheia de pressa e ainda por cima fez asneira ao ir pelo caminho mais longo, e faz uma ligeira, pequenina, minúscula infracção de inversão de sentido da marcha quando há um sinal de sentido único obrigatório, onde está a bófia?
Exactamente, do outro lado da estrada, a ver, e a acenar energicamente, de dedinho esticado no ar, a dizer que não se faz, que é grave, que é feio, o que é você pensa que está a fazer.
Até ver, nada que um olhar de bambi e cara de estúpida que não conhece o sítio não resolva, a não ser que o ogre tenha topado o esquema e tirado a matrícula e aí é que já não há salvação; antes ainda havia o carro da progenitora a defender, podia ter sido ela e não eu, mas não, agora o carro é meu, o Fisco que o diga, e estará o caldinho todo no chão.
Esperando que tal não ocorra, todos os dedinhos cruzados na maior das figas, conclui-se portanto, que de ironias está o mundo cheio e contra isto, uma tonelada de batatas.
Gostaria, apenas, de ter perguntado ao senhor bófia se quando os ladrões e restante gatunagem andam por aí a locopletar-se com a propriedade alheia, também ele está logo lá de dedinho no ar, a dizer que não se faz; até pensei mesmo em verbalizar semelhante pensamento, mas depois lembrei-me que não posso ter cadastro.
O que é realmente uma pena.

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