sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Salty as Fuck - 10

Às vezes, esqueço-me das coisas.
É um facto.
Um facto que não abona nada à minha reputação de guardadora de rancores, diga-se, já que para tal tarefa é necessário um arquivo considerável.

Mas eventualmente esqueço. E sigo em frente, como se nada fosse, deixando de lado as coisas menos boas às quais gosto de me agarrar como se não houvesse um amanhã, para mais tarde recordar ou, quem sabe, poder exercer o direito ao contraditório se para tal surgir a oportunidade.

Esqueço, é verdade.

Mas haverá sempre alguém que fará questão de mo lembrar e de me fazer sentir estúpida por ter esquecido, quando, na verdade, devia ter-me agarrado ao rancor, sem qualquer possibilidade de esquecimento ou perdão.

Haverá sempre alguém que fará questão de me dar um coice, preferencialmente à frente de uma multidão, recordando-me que os anteriores coices deviam ter deixado mais marca para não serem olvidados tão depressa.

E, certamente, haverá sempre alguém que acrescentará mais uma peça à engrenagem da minha parte cerebral que comanda os instintos assassinos.

Depois da tempestada, uma bonança incrível, como se nada tivesse ocorrido.
Tendo já contribuido em larga escala para tal peditório, nada mais resta a dizer, porque nada virá depois.


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