terça-feira, 12 de março de 2013

Leituras LXXII

Confesso que tinha expectativas muito elevadas quanto a esta obra, quer pelo alarido jornalístico à volta do seu lançamento, quer pelo facto de J.K. Rowling ser a autora da minha saga preferida.
Esperava qualquer coisa de extraordinário, porém num registo diferente da fantasia a que dez anos de Harry Potter me habituaram. Esperava ver Rowling a escrever para adultos tão magnificamente como escrevia para jovens. Esperava ver o que de mais tinha para oferecer para além de um mundo inventado.

Não me desiludi.
A crueza das palavras e das descrições só encontra o seu igual com a capacidade que a autora tem de cativar e prender o leitor à volta da história, à partida sem nada de especial, dos habitantes de uma minúscula povoação no interior de Inglaterra.
Este não é, como li algures, um manifesto socialista da classe média; é o descrever brutal das mentalidades pequeninas e mirradas dos pequenos seres humanos que não aspiram a mais nada do que não seja prejudicar os seus pares. Esta é a história de pessoas comuns, sem heróis, sem perfeições, sem santidade. São só pessoas, podres, cruéis, maldosas, incapazes de um acto de bondade espontaneo. Como todos os seres humanos.
Uma história que, sem nada de especial, toca profundamente nas consciências e abana as mentalidades mais enraizadas.

Uma viragem na carreira de Rowling que, espero, continue na sua senda de escrever para adultos.
Um dos melhores livros que tive o privilégio de ler.
Excelente.

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