quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Qu'é Que Foi?

Tenho um ligeiro problema com gente crente.
Dão assim uma comichão ligeira no canto interior do olho esquerdo. E do direito também.
Tenho problemas com gente que acha que há alguma coisa superior acima do Homem, que crê cegamente, que não pensa pela própria cabeça e decide acreditar porque assim lhes foi ensinado.
Tenho preconceito com gente de fé. Mas estou na paz, não chateio ninguém.

O problema é que há gente crente que é incapaz de estar na sua vidinha sem espalhar a sua fé por todos os cantos, impingindo aos outros a sua crença. E já nem se fala naqueles que andam de porta em porta a distribuir bíblias e outras leituras didácticas, esses ainda fazem disso mais ou menos profissão, só lá vai quem quer. Fala-se dos outros, das pessoas normais, as quais cruzam caminho todos os dias com as restantes, com as quais se têm algum conhecimento que não são capazes de estar dois minutos sem mandar pérolas como com a graça de deus, ai que deus é que é, deus salva, deus isto, cristo aquilo, já para não falar nas peregrinações, missas e acampamentos a que vão por esse mundo fora e que fazem questão de publicitar, de bradar aos quatro ventos que os modificaram, que os transformaram, que lhe deu um pote de ouro espiritual, mais as catequeses e as profissões de fé e crendices afins.

Não percebo porque é que tenho constantemente de levar com a fé dos outros, a toda a hora e a despropósito de tudo e de nada. Não percebo, se este é um país livre porque é que, volta e meia, estou a ser evangelizada por meia dúzia de aves de sacristia, que estão absolutamente convictos que falar interminavelmente nas santezas todas é que dá sabor à vida.

Não percebo como é que não há vergonha na cara para andar a chatear toda a gente quando a fé é de cada um e cada um professa o que lhe apetecer, sem mais conversa.

Esta é a mania que vem do canal público de televisão, paga com o dinheiro do contribuinte, esse coitado, que paga sempre e não bufa, sempre a passar rezas e outras manifestações de fé, quando o Estado é laico e sem vínculo a qualquer igreja. Este é o mau exemplo que todos os dias se vê no mesmo canal, a dar voz a uma só igreja em detrimento das outras, a maldizer o que se vai passando, quando deviam era estar todos sossegadinhos, que em assunto de Estado ninguém mete o bedelho, muito menos quem nada faz para ajudar.

E assim têm os normais cidadãos que levar com a fé dos outros porque este é um país de liberdade religiosa, explicação esta de um brilhantismo tão efusiante que até ofusca a vista.
Não quererá liberdade religiosa dizer que ninguém impõe nada a ninguém? Não quererá dizer cada um acredita no que quer e não chateia ninguém?

Não percebo porque raio tenho eu, que nem sequer obrigo ninguém a professar a mesma fé, que é nenhuma, que levar com esta evangelização, como se fosse um índio do Brasil no século XVI.

Fossem trabalhar e seriamos todos mais felizes.

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