sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Olfacto Bibliotecário

Desconfio seriamente que só vou à biblioteca para cheirar livros.
A leitura de obras interessantes e a evolução mental a que a leitura conduz são meras tretas; dizer gosto de ler também o é. Vou lá por causa do cheiro dos livros.
Esteja gente por perto, a olhar ou não, não consigo evitar de inspirar fundo de casa vez que cruzo a soleira daquela porta. E depois é ver-me a correr em direcção a uma qualquer prateleira para enfiar o nariz no meio das folhas.
Cheira a velho, a pimenta, a todas as mãos que já percorreram todos aqueles quilometros de linhas, ao pefume subtil da bibliotecária, à linha do tempo que passou desde que foram colocados na prateleira e depois esquecidos. Cheira a história.
Para qualquer outra pessoa, normal, vá, com a cabeça no sítio, e os neurónios em funcionamento, é ir buscar o livro e pôr-se a andar. Ou nem sequer lá meter os pés.
Uma livraria já não tem o mesmo cheiro. Não tem história.
Uma biblioteca tem sempre cheiro. E é sempre o mesmo.

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