terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Geração do Naperon

Da geração dela sobram os restos mortais com os quais tenta educar os filhos. Sobram as saídas quando há bailarico, dos presentes quando se visita alguém, sobram as bofetadas quando se põem os cotovelos em cima da mesa, os bibelôs e o enxoval, as toalhas de renda e os panos de loiça, mais aqueles bocados de trapo rendilhados que teima em pôr em cima da televisão, sobram as festas de anos que quando não se fazem parecem mal, os dez mandamentos, a virgindade aquando do casamento, sobra o que foi grandioso e glorioso e que agora nada significa nem nada prova.

Coisas do antigamente, que já na altura não faria grande sentido, que já na época parecia parvo a quem se pusesse a pensar minimamente sobre o assunto, mas assim era dantes, quem é que se punha a questionar, fazia-se e pronto, quero lá saber disso, quero é viver a minha vida, o que se usa ou deixa de usar não em interessa, em casa faço o que quiser e ninguém tem nada a ver com isso.

Uma geração perdida nos buracos das rendas e do atoalhados, os jogos de cama e de casa de banho, sem nada para contar, a insistir em existir e a passar os seus valorzinhos obsoletos ao filhos que já não têm os olhos na nuca.

Os maridos ainda mandam, uma mulher obedece sempre, por isso é que isto agora é uma pouca vergonha do pior, elas já fazem o que querem, divorciam-se e voltam a casar, meia dúzia de dias depois já estar a descasar outra vez, já ninguém tem mão nelas, que a mulher cala sempre e dá sempre contas ao marido daquilo que gasta e daquilo que faz, sim porque antes ainda havia respeito, agora as mulheres que saem à noite são umas quaisquer que não se respeitam nem se fazem respeitar, que um jargão linguístico fica sempre bem, já se sabe, alguém solteiro com 30 anos é um mandrião que ninguem quer, uniões de facto são aquelas coisas que agora há para que não haja vínculo a prender ninguém, quando querem descasam, pois, que isto é o fim do mundo, lá dizia a minha avó, não se sai com as amigas quando se tem namorado para sair connosco, os amigos só servem quando não se tem ninguém, e para sair a ver se se arranja marido, quando se tem, eles que vão às suas vidas que não fazem falta já.

Mais todas aquelas miudezas do antes e do que agora já não é, aqueles nojinhos que insistem em mostrar aos outros o que os outros não querem ver, o que é que isso interessa agora, isso agora já não existe, não é do meu tempo, não tem aplicação. Mas ouves e calas na mesma que eu vivi esses tempos, e enquanto estiveres debaixo do meu tecto, fazes o que eu entender e ouves o que eu quiser, que sou tua mãe e exijo respeito.

O dia em que esta geração morrer será o mais feliz da historia da humanidade porque não mais se verá o que eles querem fazer do mundo e os que eles querem é depor as liberdades do indivíduo e implantar a ditadura da moral, em que toda a gente é julgada pelo que faz dentro das quatro paredes de sua casa e trazer de novo o cheiro a mofo e a podridão da infelicidade, da frustração e da raiva por serem uma geração de iletrados comodistas e fora de prazo que não pretendem mais que educar os filhos com grilhetas nos pés.

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