sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Natal dos Pobres de Espírito


A época natalícia seria, em teoria e mesmo para quem não tem convicções religiosas mas que se vê envolvido no espírito colectivo, um tempo de paz e amor.

No entanto, para quem habita numa casinha cheia de monstros civilistas (that's an oldy...) sita nesta comarca de mitras, não será bem assim.

Boss e Bossa chatearam-se. Numa cena muito pouco ortodoxa, entre gritos, berros, lágrimas e impropérios, mandaram a boa educação e o recato que a gestão societária recomenda às urtigas e, como se diz por aqui, pegaram-se forte e feio. E mesmo muito a sério.

Parecia ser o fim.

Cada um a fazer as malas para seu lado, sem sequer se olharem, os dias que se seguiram foram negros e tortuosos, principalmente para quem os acompanha, depende do trabalho que é dado e nada tem que ver com a cúpula decisória. Durante semanas a fio, olhávamos uns para os outros como se estivéssemos à beira de um abismo e na próxima hora alguém nos empurrasse e obrigasse a dar o passo em frente.

A pouco e pouco, a treva levantou-se e chegou alguma luz, sem, porém, o brilho de outrora. As malas desfizeram-se, o machado de guerra não foi enterrado, mas pelo menos foi guardado. Desde então vivemos num eterno dia de nevoeiro, sem qualquer perspectiva de sol. E assim irá permanecer, ao que parece, durante muito tempo.

Pessoalmente, que nunca os tinha visto em tamanhos propósitos, não sabia se tinha mais vontade de rir ou de chorar, embora, confesso, a vontade de rir era capaz de suplantar a de chorar, pois que, sendo uma pessoa horrível, as discussões dão-me sempre vontade de rir.

Embora com algumas melhorias no que ao humor colectivo diz respeito, como é apanágio destas cenas típicas de bailado da chefia, quem se lixa é o mexilhão, que é como quem diz, o pessoal que, como é o meu triste caso, consegui nada mais nada menos do que uma sobrecarga de funções e ainda, e esta é a parte que realmente lixa, é termos o Natal cancelado.
Não o Natal-Natal a sério, não é que alguém venha trabalhar nos dias 24 ou 25, mas jantar de natal corporativo e troca de prendas de amigo secreto, ardeu.

E não é por causa daquela velha conversa cordial, ah é melhor não fazer, que não há ambiente e é chato; não, não, nada disso.
Foi mesmo comunicado a toda a casinha, das bocas daquelas duas renas empalhadas, não há nada para ninguém, tenham paciência.


Isto não se faz, desculpem lá.

Esta é a melhor época para se trabalhar aqui; anda tudo folgado, tudo contentinho, tudo bem disposto, volta e meia há bolo rei para toda a gente. E com um olho no jantarinho, que normalmente tem lugar em sítio chique, e outro nos copos que se vão emborcar a seguir, a coisa passa-se muito bem.

Agora, we're getting shit for Christmas.

Se o Natal tem de ser assim, ao menos que o ano de 2016 traga, se não paz, ao menos uns almocinhos extra para compensar o pessoal.

Ca porra esta ...

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