terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu e a Administração IV

De todo o funcionalismo público que, verdade seja dita, até funciona de maneira bastante razoável, exceptuando algumas andorinhas trabalhadoras do Fisco, que gostam de chatear e não deixar passar mandatários à frente, os piores, mas mesmo os piorzinhos de todos, são os senhores funcionários dos CTT.

Nunca, em toda a minha existência, fui bem atendida numa estação de correios. Ora porque está muita gente e não há funcionários que cheguem, ora porque está pouca gente e a lentidão é ainda maior (mistério dos deuses, esta), ora porque não percebem o que lhes é dito, ora porque respondem com bugalhos quando lhes perguntam pelos alhos, a verdade é que não há vontade de fazer ponta de corno naquela instituição.

Os desta terra do demónio são como o supra descrito e mais um par de botas.

Conversam uns com os outros quando deviam estar a atender, mexem-se como se tivessem dois sacos de batatas de 20kg atados aos bracinhos, dificultam a vida ao cidadão, contam piadas uns aos outros, estão todos em amena cavaqueira cá fora com a estação a abarrotar de gente, mandam toda a gente a outros sítios. A frase preferida daquelas gentes de vermelho e cinzento deve ser ai isso não pode ser tratado aqui, tem de ir a outro lado. Uma vez, tive que esperar que a senhora atendedeira acabasse de pentear o cabelo e arranjar a maquilhagem para chamar o meu número. True story.
Nem a merda do site funciona como deve ser...

Como gostam de melgar e colocar obstáculos, lêem minuciosamente as moradinhas nas cartinhas; tudo para verem se têm defeitos.

- Ai, que esta carta não tem o país de destino.
- Mas ... diz Sevilha! É em Espanha!
- Ai, mas não pode ser. Tem de escrever o país. Escreva aí.
E, feita parva, ainda escrevo.
- Desculpe lá, mas tem mesmo de ser. É que sem isto não se sabe para onde vai.
- ... Desculpe lá, mas Sevilha é em Espanha. Toda a gente sabe isso.
- Mas nós não temos obrigação de saber onde fica.
- Ai não?
- Não.

Esta conversa da treta acontecer uma vez, ainda escapa.
Repetidas vezes, perdoem-me, mas vão bardamerda.

É por estas e por outras que esses capitalistazinhos de camisa aos quadradinhos e sapatinho de vela enchem a boca para falar em reforma da administração (leia-se despedimentos e privatizações).
É que só fica na memória o mau serviço público, ou não fossemos todos portugueses.
E este é péssimo.

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