sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quel Clêpes?


Em tempos idos, ir à loja do chinês era sempre uma viagem em terras das pechinchas. Tudo o que lá havia podia não durar muito ou ter qualidade duvidosa, ter mesmo um ar de objecto barato e ranhoso, tantas vezes, as três coisas ao mesmo tempo, mas havia sempre a garantia de preço baixo.

Tanto assim era que estas lojas, devido à procura, proliferaram como cogumelos, havendo uma em cada esquina, já se sabe como são os chineses, não há, manda-se vir mais; com as lojas passou-se a mesma coisa.

Porém, os chineses, estando em Portugal há tempo considerável, vão copiando as manias dos que cá moram.

O que antes era uma maneira de angariar clientela, abrindo uma lojinha em casa esquina, agora é, qual portugalidade enraizada neles, um aumentar de preços como nunca se viu. Mesmo à português, pois. Ai gostas do produto, tem muita procura? Vai-se já rentabilizar a coisa, aumenta-se já o preço, passo a ganhar muito mais; se há procura, as pessoas pagam o que se pedir pela coisa. E depois, claro, qual é o fundamento disto? A crise, pois, que está mau, ninguém compra, somos uns desgraçados, a culpa é do governo, não consigo subsistir, as pessoas também não têm dinheiro, logo, não compram. E por isso é que aumentam os preços das coisas mais procuradas. Lógico.

E assim se entra numa loja do chinês, onde antes era impossível sair sem uma pechincha ou outra porque o preço era, de facto, irresistível, e, agora, se sai de mãos a abanar e ainda com a incredulidade estampada no rosto, onde é que isto já se viu, estão loucos, estes gajos!

Qual sangue tuga que lhes corre nas veias, passam a ter artigos a preço de loja de centro comercial.

Desde quando é que as lojas chinesas têm camisolas a 23€? Desde quando é que pedem 45€ por uns sapatos? Desde quando é que vendem bijuteria a mais de €10?

Quando uma pessoa vai a uma loja chinesa, vai à procura de coisas baratas, mesmo de qualidade esquisita; se lá vai, contenta-se, o que interessa é o preço. Para ter preços iguais aos das lojas de 'marca' (marca Zara, marca Seaside, marca Parfois, esses pilares da haute couture), mais vale não ir lá. Ou ir e praguejar, também resulta.

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