Ui, que ele hoje não está pelos ajustes. Consegue-se cheirar a tensão à volta do homem. Se calhar, dormiu mal, teve pesadelos, insónias, dores em qualquer parte do corpo.
Ou então, é falta de sexo que, esse sim, é o grande problema da maior parte das pessoas, se em vez de andarem a chatear meio mundo, fosse antes dar uma queca ou dedicar-se a actividades de auto-satisfação, que nem sempre pode haver coisas de maior qualidade, mas enfim, é o que há e é melhor que nada, andava tudo muito mais satisfeito e de bem com a vida; deve ser esse o problema dele.
Aquele olhar de ódio, aquela expressão de insatisfação, as palavras cuspidas como se o interlocutor tivesse culpa do mal estar do mal disposto. Hoje não é, definitivamente, um bom dia.
Dias maus, todos têm; há que ser compreensivo, todos passam pelo mesmo.
Porém, não sei que me dá, sobre todas as pessoas, devia ser aquela que melhor compreende ataques de mau feitio, porque os tenho 37 vezes por dia, mas a verdade é que desce sobre mim uma vontade de ripostar com o mal diposto, de responder à letra, de picar, de gozar com a sua pobre cara, de mandar vir só porque sim. Não há como resistir, há que enfiar logo a colherada da estupidez para fazer o cabrãozinho mal disposto ainda pior. Sou pior que as crianças, estes acessos de estupidez e maldade baixam em mim como um espírito baixa num pai de santo e nada mais há a fazer.
Só tenho pena de, derivado da posição que os mal dispostos ocupam na cadeia hierárquica, não poder mesmo dar uma resposta em conformidade.
É pena.
Porque, logo hoje que ele está com os azeites, era um óptimo dia para pôr em prática a minha vontade infantil.
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