O mal de ser teso é que não há dinheiro a dar com um pau ao virar da esquina.
Quando muito, há no fim do mês, em dias alumiados, em dias em que a poupança é grande, em dias posteriores a festividades como o Natal ou aniversário.
O mal de ser teso é que se anda a namorar coisas tempos sem fim, à espera de as poder comprar, à espera que melhores dias venham, à espera que fiquem baratas, qualquer milagre que permita adquiri-las.
E, senhores!, por vezes os milagres também acontecem e há uns trocos no bolso a mais, a pedir para serem gastos, a pedir para serem trocados pelas coisas giras que se desejam.
O pior de ser teso é a ironia da questão. Pois que quando não há graveto, tudo parece lindo e maravilhoso, tudo é um espanto, tudo se adquiriria se houvesse cabimento, já quando o dito graveto abunda, não só tudo o que é giro desapareceu sem deixar rasto, como também desapareceram as coisas que se andavam a namorar há que séculos. Já foram levadas, já foram compradas por outros pobres que chegaram primeiro.
Assim se fica a ver navios.
Assim se percebem as ironias da vida.
Assim é a vida do teso.
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