Não há coisa que seja pior que um falador numa sala de cinema.
Uma pessoa está descansadinha a ver um filme e está o estupor a bichanar a toda a hora, a mandar piadinhas, a rir alto, a falar para o lado, a comentar o filme e a antecipar o que vai acontecer.
Não há pior que isto.
Pagam-se bilhetes, que já agora estão um abuso de caros, uma pouca vergonha, onde é que isto vai parar, para estar constantemente a falar para o lado? Paga-se, afinal, para ver o filme, na magia da sala escura, muito mais empolgante que ver no sossego do lar, é por isso que se vai ao cinema, porque só ali tem aquela dose de fantástico, e depois está um filho da mãe qualquer a falar como se estivesse um puticlube qualquer.
Ora, ora, não têm vergonha?
Tenho para mim que estes fala-baratos são aqueles que, no antigamente, iam para o cinema para o marmelanço, estanto-se bem marimbando para o filme, querendo só saber da queca que estavam a dar; como agora não têm quem os foda, fazem basqueiral tentando, de alguma forma, preencher o vazio da solidão cinematográfica.
Não que o cinema não seja um lugar de eleição, que é, para tais práticas, um lugar mais que perfeito, diga-se, quem é que já não perdeu o bendito dinheiro do bilhete só para aproveitar a escuridão imensa para cenas tórridas, o pão nosso de cada dia, portanto. Só que há pessoas que não sabem ir ao cinema sem marmelar e quando não tem o marmelo à mão, fazem barulho, à laia de compensação.
Ao menos que levem quem comer, nunca vi ninguém a comer-se no cinema que fizesse barulho; o que não é de todo, tolerável, é que verbalizem a falta de foda quando os outros querem ver a merda do filme descansados.
Se têm vontade de falar, vejam os filmes no Meo, não vão para o meio do sossego estragar o filme a terceiros com as crónicas do ressabiamento e falta de afago sexual, que os outros têm mais que se ocupar do que com as vossas psicoses. Freud explicava isso muito bem.
Ou não era?
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