... era ter ficado no café, a bebericar minha dose de aditivos de cafeína e a fumar 37 cigarros de uma assentada, a ouvir a velha do lado meter-se com o Zé da Crista, que lhe perguntava, com um ar de malandrice desgraçada, como é que ele fazia para pôr aquilo em pé, a ver o Sammy Boy a andar de um lado para o outro com aquele avental panasca às florzinhas, a ouvir a D.Rita a contar, leia-se, gritar, a uma cliente que tem uns quistos ou umas bolhas esquisitas na ... , enfim, enquanto lia Jorge Amado, na eterna Tieta do Agreste que, em cada linha escrita, consegue pôr uma sensualidade descomunal em palavras como xoxota.
Ao que chegou a minha vida, tão efusiante e emocionante, que a parte mais divertida do meu dia é enfiar-me no café a ouvir o quotidiano das velhas e doenças venéreas dos outros, lendo livros de pouca vergonha disfarçados de grandes clássicos da literatura da língua portuguesa, tudo para enganar a vontade, ou falta dela, de trabalhar.
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