O problema das mulheres é que não sabem dizer porque é que estão zangadas.
Não sabem, coitadas, perdem o pio, o gato comeu a língua, têm de ir à casa de banho no momento ideial para abrir a boca e dizer de sua justiça, qualquer coisa que seja impedimento para dizerem aberta e francamente fizeste merda, és um parvalhão. E não dizem porque crêem piamente que os homens têm a firme obrigação de saber quando fazem asneira, saber quando erram ou quando estão a pisar terreno minado, a enveredar por pântanos dos quais depois não sabem sair. Nada dizem porque, no fundo dos seus seres, o homem tem de ter a exacta noção do que diz e do que faz, sem se poderem desviar um milimetro das fronteiras da normal convivência e da estupidez atroz. Se não sabem, deviam saber que têm cérebro e é para ser usado, não é para andar às apalpadelas a toda a hora. Não dizem quando lhes apetece rachar-lhes a cabeça com um machado porque eles têm obrigação de saber que não devem despoletar situações que façam com que as mulheres tenham vontade de o fazer. Porque, para elas, qualquer pessoa normal e sem desejos suicidas não se vai pôr a ferir a sensibilidade feminina por dá cá aquela palha. E quando a ferem, ao menos que tenham a hombridade de saber o que fizeram, coisa que, pobrezinhos, não sabem.
O problema dos homens é que têm a profundidade emocional de um dedal e são incapazes de saber o que fazem mal. Não sabem, deixam passar, não ligam, não têm noção que são ursos e que andam a pisar ovos com botas da tropa. São incapazes de ter a sensibilidade de não dizer ou fazer certas coisas, coisas que deviam ter a perfeita noção que as mulheres não gostam, mas que por algum motivo desconhecido, têm um defeito cerebral que apaga da memória aqueles gestinhos que fazem tanta confusão como esfregar a serrilha de uma faca contra um garfo, e voltam a repeti-los ad eternum. São estúpidos, portanto. Mas o qué queu fiz e O qué que foi agora são expressões que demonstram claramente que todos os homens, para além de dano encefálico severo, têm a capacidade extraordinária de andar neste mundo a fazer merda para depois não saberem como é que foi feita, compondo ainda um ar de surpresa por semelhante efeito dar lugar a semelhante causa. E, com a desculpa da paz eterna e uma vida sem chatices, está sempre tudo bem e muito feliz.
O problema, no abstrato, é que estas duas questões não são passíveis de conjugação, uma vez que é um ciclo vicioso e sem fim à vista.
Tenho para mim que é assim há séculos, desde os primórdios da existência. Não se percebe para que é tanta celeuma se, tendo em conta a posição de cada uma das partes neste litígio, não há remédio para isto.
Desista-se.
2 comentários:
Fico ressentida. Eu digo sempre porque estou zangada. Se há coisa que não me falta é honestidade. Estou até em crer que o meu mal reside nisso mesmo.
Temos pena. Isto é um artigo de opinião, cada um tem a sua.
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