Vai um mitra na rua, com seu passo gingão, cigarrinho no canto da boca, boné imundo enfiado na cabeça até aos olhos, quando vê uma rapariga ao fundo da rua, a caminhar na sua direcção.
De imediato, o mitra pressente que terá um ataque cardíaco se não se fizer ao piso e lhe nascerá uma couve no lugar do cu se não lhe mandar um piropo, por isso, parado no meio da calçada, de perna aberta, coçando a micose do escroto, segurando o cigarro com o polegar e o indicador, enquanto semicerra os olhos, para ter um ar sexy, o cérebro a trabalhar furiosamente para encontrar uma coisa gira para dizer à miúda.
A rapariga, que ia a pensar na vida dela enquanto comia rebuçados e pensava nos cigarros que não fumou, depara-se com aquela azémola e prevê logo o que aí vem, ai quem me dera ter uma marreta, acabava-se logo com o sofrimento deste inútil, mas espera lá que eu já te fodo, vais ver o que é bom para a tosse.
-Ai que coisa tão gira, valha-me deus...quanta saúde! Olá! Posso-te conhecer? Tão linda!
-Podes, podes, então não hás-de poder... - e a moça puxa de um lenço e assoa-se com todo o vigor, enquanto puxa aquela nheca verde que tem parada há três dias junto aos brônquios, numa exibição de fazer inveja a qualquer pessoa com mais de 75 anos, esperando que o mitra se vá embora depois de tal espectáculo e vá bater coro lá para a pachacha da mãe dele.
-Ai que a princesa tem tosse!Casa comigo, minha linda!
E vai de mandar beijinhos e chamêgos até que ela vira a esquina e desaparece.
O que é que correu mal, aqui?
Deve ser do ar da serra...
Para a próxima, experimente-se a flatulência.
2 comentários:
Tu não sei, mas para mim pachacha é a palavra rainha do vocabulário luso.
Coroada com louvor.
Lol com louvor e distinção!
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