Tenho para mim que, numa qualquer vida passada, que de vez em quando salta cá para fora nos momentos mais esquisitos e inoportunos, devo ter sido, algures na poeira dos séculos, um homem.
Mais; devo ter sido um homem que exercia a nobre profissão de pedreiro. Ou trolha, ou ajudante de servente ou qualquer outra categoria de trabalhador da construção civil.
Pois que quando vou na rua, seja de carro, a penantes, de metro, de comboio, ou qualquer outro meio de transporte, e me deparo com algum espécime do sexo masculino que seja interessante, só tenho é ganas de mandar algum piropo estúpido.
Só me dá vontade de virar a cabeça para trás ou para o lado, aclarar e voz e dizer coisas como 'coisa mai´linda', 'era já', 'meu deus que é só saúde', 'sim senhor que coisa maravilhosamente esculpida' e outras asneiras que tais.
Eis que se me sobem uns arrepios eléctricos pelas tripas acima, a alta velocidade, até ao cérebro que, meio confuso, envia estímulos aos músculos da boca, língua e cordas vocais, com o intuito de proferir tamanhas alarvidades, tudo porque vai a passar um ser bem apessoado.
O que vale é que ainda há algum controlo e, com grande esforço, há impedimento de saída de tais expressões verbais. O que faz com que, muitas vezes, me comece a rir no meio da rua, assim, no nada. Da própria idiotice.
Lá está, para inimputável só me falta a sentença.
Sem comentários:
Enviar um comentário