Já começa a ser mania entrar à grande e à francesa no país dos outros com a desculpa que é para derrotar os mauzões que oprimem o povo e sonegam a liberdade.
Essa desculpa já colou muito mal no Iraque, no Afeganistão também, e agora, como não há mais nada para fazer e o mundo até anda jeitoso para se andar à pêra por aí, vá de arranjar uma guerra qualquer para, nós os grandes, podermos governar o petróleo como entendermos, enriquecer à custa do país dos outros e ainda calar o lobby militar que, parecendo que não, governa mais que qualquer presidente.
Ai não, que vamos mas é salvar o povo que, coitadinho, passa fominha e leva nos cornos há décadas, sem liberdade e sem democracia, sem condições de vida, governados por um opressor, um genocida, um desrespeitador dos direitos humanos e nós, como nações evoluídas, temos o dever de intervir e defender os pobrezinhos, que têm tantos pêlos encravados na virilha.
É louvável de facto quererem salvar o povo líbio de um tirano filho da mãe que não faz mais nada senão manter aquele país com mão de ferro deixando margem zero para a liberdade dos cidadãos.
Ainda bem que têm, nações evoluidas, sentimentos tão altruístas para com os outros seres humanos.
Pena é que não se lembraram disso há 30 anos, quando o Sr. Kadhafi se lembrou de ir para o poder. Pena que nas últimas 30 décadas não tenha existido povo líbido, só há meia dúzia de dias, quando começaram a ver que o fornecimento do petróleo podia ficar prejudicado se os rebeldes andassem à pedrada com o governo por mais alguns dias.
Oh, não era essa a vossa ideia?!
Pena também é que não se tenham lembrado de ir à Líbia mais cedo quando o povo sofria em silêncio, vão agora que dão desculpas como o massacre da população para irem fazer o papel de bonzinhos da fita, os heróis mundiais que fazem sempre boa figura.
Boa figura e bons negócios, que nenhum dos países da Aliança Atlântica que para lá foi se vai perder em jogadas humanitárias para ajudar o povo que vão ocupar; o que interessa verdadeiramente é o petróleo e as negociatas comerciais que possam vir em colateral.
Ai mas eles andam a matar inocentes, com armas de exército, com aviação, com bombas, com coisas más, a torto e a direito, meu deus, que raio de pessoas evoluídas seríamos nós que nem impedíamos isso de acontecer?!
Oh meus filhos, mas que almas caridosas que sois!
Caridosas e esquecidas, ou estais olvidados de que os ataques aéreos que tanto gostais de proclamar como massacres são feitos com armamento, vá, aviões de última geração, iguais aos vossos, pronto, que têm aquilo a que se chama um 'ataque cirúrgico', com identificação dos alvos por radar e ultra-som? Quer dizer que não há matagem a eito, é só o que quer dizer. Não que se justifique, mas também não é o que querem fazer parecer.
Queriam que o resto do mundo acreditasse que quando o Kadhafi põe aviões no ar, mata tudo o que lhe aparece, indiscriminadamenre, e quando vocês fazem o mesmo, não, que são fofinhos e especiais de corrida? Ya, right. E são somente vossasmercês que percebem de guerra...
A que é que isto soa senão a estratégia Iraque style?
Tende vergonha na cara, façam as malinhas e vão embora.
Já toda a gente vos topou, a vocês, América-salvadora-do-mundo e ao resto dos abutres que foram lá cheirar a ver se caía alguma coisa nos vossos pratos.
Resolvam os problemas internos que têm e deixem de uma vez o eterno complexo de Harry Potter, a salvar tudo e todos a toda a hora do que não é necessário salvar.
Deixem as pessoas resolver os problemas delas, deixem o povo (pá) sair à rua (pá) e fazer a revolução, à semalhança do que aconteceu nos outros países árabes.
Deixem as nações soberanas governarem-se como quiserem, não andem a impôr a democracia a torto e a direito só porque lhes apetece e há petróleo para explorar, sim?
Isso também é ditadura.
Sem comentários:
Enviar um comentário