Neste país de novelas e enredos, tudo se faz e tudo se deixa fazer.
Anda por aí, consta, uma novela dos anos 80, o que seria uma ideia engraçada, não fosse o abandalhamento constante.
Portugal, 1974: uma família de gente rica e poderosa, com uma herdade gigantesca, consegue o seu poderio e boa vida à custa da exploração da massa trabalhadora que mal ganha para comer e para poder sustentar a família. Sem laivos de comunismo, apenas um retrato da realidade da época. Dá-se a revolução e a família tem que fugir do país para não ter que levar com a pouca vergonha que isto se tornou e para não ter que suportar que agora os trabalhadores tenham direitos.
Voltam anos depois, armados em coitadinhos e anjinhos, que foram maltratados, probrezinhos, tiraram-lhes tudo o que conseguiram ao longo da vida, à custa de quem trabalhava e agora vieram estes oportunistas tirar-lhes tudo.
Oh meus amigos, não estou a perceber, afinal o que é que queriam?
Continuar a vida feudal que levavam e os outros que trabalhavam que se lixassem?
Continuar a pôr e a dispôr da vida das pessoas, como se de lixo se tratasse, para poderem continuar a reinar sem leis?
Continuar a explorar quem não tem alternativa para poderem manter as vidinhas ricas?
E ainda vêm fazer novelas disto...
Se na altura do PREC era só utopia e perseguição aos do regime, agora assiste-se ao inverso, já só há pena daqueles que, coitados, tudo tinham porque tudo conseguiram à custa dos outros, e que, meu deus!, tudo perderam porque os outros queriam direitos.
Já está tudo esquecido do que foi feito, já está tudo esquecido do que era mau, agora são todos anjinhos.
Daqui a nada, estamos a beatificar os bufos da PIDE, não?
Vá lá, ainda ser uma televisão privada a fazer estas coisas, em vez da pública, a gastar de forma gloriosa e brilhante o dinheiro do contribuinte, ainda vai sendo uma sorte, nem tudo é mau...
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