sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Toma lá que é Democrático

A ironia é uma coisa fantástica. Aparece do nada, instala-se e fica para jantar, com o maior dos descaramentos. Se for preciso, ainda fica até horas impróprias, chateando tudo e todos com o seu discurso maçador e o sorrisinho irritante de vitória. Mas quem é que chamou esta personagem? De onde é que ela veio, de onde é que é conhecida? Mais uma das que se senta na mesa sem ser convidada, aposto … Daquelas “amiguinhas” brutais que usa e abusa, e ainda crava cigarros como se não houvesse amanhã.

A espertalhona sabe-a toda. E fica mais um bocado na conversa, só para mostrar como a ridicularidade pode ser a perdição de muitos, e como as barracas que se montam na feira para previsões astrológicas de última hora podem ser, ou transformadas numa Igreja Mundialmente Famosa e Especialmente Acertiva, ou relegada para um plano digno do Professor Chibanga. Para mostrar que o mais engraçado não é, de facto, o que se previu, é o que não se previu. E que é tão cómico como estúpido.

A ironia é uma coisa brutal. Sempre a trocar as voltas, a pôr os pés em cima da mesa, a arrotar como um javardão, a beber sem limites, alegre e descontraidamente. A mostrar que as ditas previsões também precisam do seu quê de parvoíce, que é preciso contar com ela. E, sobretudo, que essas previsões ou desígnios de quem não tem mais nada para fazer nunca se esqueçam de convidar a dita amiga para jantar mais vezes.
Sob pena de ela entrar constantemente sem ser convidada, e se abotoar com o melhor lugar em frente à televisão.
Ou não fossem as vidas circundantes autenticas anedotas ( ironicamente ) jurídicas.
AS

4 comentários:

Лев Давидович disse...

Eu cá sou mais adepto da Parábola.
Não sei, deve ser por ter sido o recurso estilístico escolhido por Jesus.

Diligentia disse...

Que deve ter escrito umas belas peças de texto ... Ele é que nao conhecia a magia e a eficiencia da ironia, senao a parabola tinha ido logo a vida.
AS

Anónimo disse...

Eu diria, se me permitem, que vocês os 2 são mais da hipérbole...

Diligentia disse...

Deve ser certo.
Onomatopeia, ouviu falar?
AS