(e com toda a razão)
"Uma comoção passou-lhe na alma, murmurou, travando no braço do Ega:
- É curioso! Só vivi dois anos nesta casa ,e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira!
Ega não se admirava. Só ali, no Ramalhete, ele vivera realmente daquilo que dá sabor e relevo à vida – a paixão.
- Muitas outras coisas dão relevo à vida...Isso é uma velha ideia de romântico, meu Ega!
- E que somos nós?- exclamou Ega.- Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não pela razão...
Mas Carlos queria realmente saber se ,no fundo eram mais felizes esses que se dirigiam só pela razão, não se desviando nunca dela, torturando-se para se manter na sua linha inflexível, secos, hirtos, lógicos, sem emoção até ao fim...
- Creio que não- disse o Ega- Por fora, à vista, são desconsoladores. E por dentro, para eles mesmos, são talvez desconsolados. O que prova que neste lindo mundo, ou tem de se ser insensato ou sem sabor...
- Resumo: não vale a pena viver...
- Depende inteiramente do estômago! – atalhou Ega...."
Os Maias, Eça deQueiroz
SB
2 comentários:
Ora aí esta uma grande verdade. Pobres daqueles q têm um estomago fraco e com propensao a ulceras.
AS
úlceras é pa meninos...mas quem sou eu para criticar os fracos de estômago...
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