Não é justo.
Que se ponham com conversas da treta, que já se sabem de cor, para tentarem impingir uma teoria mirabolante qualquer que tem tudo menos uma ponta de verdade. Que venham com alusões ao sentimento, estúpidas e desconexas, para tentar explicar o que, de tão simples, não requer grande fundamento. Que duvidem sem dar espaço, sequer, para mostrar alguma coisa mais que não sejam as sombras das dúvidas e das perguntas sem resposta.
Não é justo.
Não que duvidem, não que criem teorias, nem que inventem explicações, por mais idiotas que sejam.
Que, mesmo que indirectamente, esteja alguém sempre em causa, alguém que talvez nem mereça ouvir as teorias da conspiração.
Elas podem existir, e indubitavelmente existem, de facto, mas até que ponto é que se é obrigado a ouvir as idiotices que os outros dizem sem protestar, sem partir alguma coisa na cara de alguém, sem se sentir injustiçado?
Porque a partir do momento em que se sabe o que se quer, sabe-se. A partir do momento em que se toma consciência do que se passa, do que se pensa e do que afinal se sente, não há volta a dar-lhe, sabe-se.
Dúvidas? Sempre, até ao final dos dias a ver a luz do sol. Mas o que se sabe ganha sempre, deve ser a única certeza. Não há margem para dúvidas de maior quando o que se sabe, com toda a certeza, ocupa um espaço largamente superior.
Não é justo.
A frustração de saber o que se sabe e mesmo assim ser posto em causa, mesmo por portas e travessas. A impotência de saber o que se sabe e mesmo assim isso não ser explicito o suficiente para acabar com as ditas teorias.
Porque conspiração, teoria ou dúvida, há-de haver sempre. Mas, sobre aquilo que não podia estar mais claro, que está a frente da cara?
Não é justo.
Poupai as alminhas aflitas.
AS
2 comentários:
gostei do teu blog, escreves muito bem. tenho uma questão. quem tem teorias da conspiração? são os outros que se queixam de algum sistema, ou será o narrador que se queixa do sistema das teorias da conspiração?
Este paradoxo (ambiguidade) inerente ao teu texto é o que lhe dá brilho. parabéns.
ps. eu tenho das minhas teorias das conspirações. no meu caso, a questão põe-se totalmente ao contrário: como é que as pessoas não acreditam nelas? ver Morton's devil no wikipedia. Muito interessante.
Quanto à questão colocada, os outros veem definitivamente teorias em todo o lado, e o narrador queixa-se exaustivamente das teorias e do sistema das mesmas.Alias, nao deve haver nada de que o narrador nao se queixe.
AS
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