Antes de sonhar sequer em almejar mais da vida do que simplesmente lavar as ceroulas suadas do esposo querido, a mulher de antigamente só ambicionava ter duas coisas: o esposo em concreto, e respectivas ceroulas para lavar. Isto, e claro, ignorar todos os meios contraceptivos inventados pelo Homem, parir 2,1 (ou mais até) criancinhas birrentas e mimadas contribuindo assim para a média de filhos a ter por casal, e esperar que a morte chegue, de preferência antes ou ao mesmo tempo do dito consorte...impensável uma mulher sozinha! Et voilá!, a receita para a vida perfeita e, em última instância a personificação da felicidade terrena para qualquer elemento do sexo feminino.
Entretanto, algures no caminho, a mulher decidiu tornar-se dona de si mesma. Queimou uns quantos soutiens (a gravidade é que não perdoou), fez contas à quantidade de cuecas para lavar (filhos inclusive) e à imensidão de horas curvada a esfregá-las no tanque e não gostou nada do que viu. Máquinas de lavar roupa à parte, a emancipação é linda (a sério que é!) e os homens não servem para absolutamente nada, mas continuamos tão ou mais ingénuas do que sempre fomos, e recusamo-nos a render-nos. Ergueremos para todo o sempre a bandeira pelo romantismo, porque ainda acreditamos piamente que existe o príncipe encantado, que sim!, vamos casar com ele, que de bom grado lhe lavaremos as cuecas que, esperemos, cheirem a rosas, e que sim, tudo, um dia, será perfeito.
Não, não será! Os homens, salvo honrosas excepções, demoram muito, aliás, tempo demais a escolher a eleita (parece que lhes cabe sempre a eles a decisão; de nos adoptar, qual cachorrinhos). Fodem e partem, e no caminho deixam cacos, pedaços desfeitos de sonhos que o inconsciente colectivo, com um empurrãozinho das nossas mãezinhas, sempre nos fez crer que eram verdade.
Parece tragicamente programado. Desculpamo-nos com o síndrome do bad boy; que existe e que o dedinho mágico (e podre) para escolher homens porcos, feios não que até costumam ser escaldantes, e maus, também é real. A necessidade de não estar sozinha vem dos primórdios, da Pré-História, quando ainda julgávamos que o cúmulo da sedução era sermos arrastadas caverna fora pelos cabelos (será que isto já era um indício de que alguma coisa não funcionava bem?). Bottom line, precisamos de alguém. Precisamos sempre de alguém.Tique-taque, tique- taque, a toda a hora. Chama por nós, este instinto de abismo chama por nós, assim como o irritante relógio biológico que insiste em não se calar. Santas feromonas!
E todo este preparado, agora en flambé resulta na sempre tão dramática “Os homens são uns cabrões” ou na clássica “Os homens não prestam”.
Não são eles que não prestam; somos nós que continuamos iguais ao que sempre fomos e nesse aspecto fomos incapazes de evoluir, permanecemos presas a sonhos de infância distorcidos, a homens irreais, a preconceitos falsos, a representações fictícias do que de facto é a vida real. E tudo porque no fundo, somos incapazes de resistir ao instinto animalesco de encontrar alguém com quem copular...e ser feliz.
E não há absolutamente nada de errado nisso.
SB
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