Há uma espécie de regra tácita do bom viver nas áreas mais movimentadas em termos de criminalidade, que é como quem diz, zona suburbana de Lisboa, conhecida como linha de Sintra: quando alguém com mau aspecto, e leia-se com ar de gandulo que vem roubar o telemóvel assim que se olha para o lado, não vale a pena estar a descrever, toda a gente sabe como são, vem pedir um cigarro, ou tabaco, ou seja o que for que se fume, coisas legais, já se vê, há que ser simpático.
Isso mesmo, simpático. Como se fosse um amigo ou um colega a pedir tabaco, assim se deverá agir quando um mitrinha vem cravar cigarros. Como se fosse a própria mãe a pedir.
Assim, se é um cigarro que é pedido, estende-se o maço para que seja a pessoa a tirar, como sinal de boa educação; se se fuma tabaco de enrolar e o mitra não se importa que o cigarro seja feito com a baba alheia, não fazer cara de esquisito e fazer o cigarro; se pedem tabaco para fazer um cigarro, dar em quantidade suficiente para dois ou três cigarros, sempre simpático. Nada de sorrisos, porém. Se pedirem a carteira, é sinal que o cigarro é só um pretexto, e a simpatia não vale de nada.
Porquê tanta simpatia e cagança com gente que não gosta de trabalhar, gosta é de chatear os outros, de os tratar mal e os roubar de vez em quando?
Simples, muito simples:
Para que decorem a cara de quem lhes fornece cigarros de quando em vez e quando chegar a altura de ir para o gamanço, lembrarem-se que há uma bacana que até é simpática, dá tabaco sem fazer cara feia, baza lá não a esbulhar, se é que os gandins conhecem esta palavra.
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