domingo, 1 de agosto de 2010

Last Call to Dead Land

É só ridículo. E triste também, já agora.
São coisas da vida. Contingências. Que não se percebem, todavia inevitavelmente estão lá.
É ridículo.
Triste.
Patético.
Porque é que um simples jantar de amigos tem de dar azo a comentários.
Porque é que quem escolheu voluntariamente sair pelo seu próprio pé tem necessariamente de comentar tal facto. Ou através de outros, não se sabe. Porque é que um jantar tem de ser comentado seja por quem for, é essa a questão essencial.
Porquê?
Faz diferença?
Faz comichão?
Faz ciúmes? Não creio, então se somos todos um bando de não-sei-quê, sei muito bem o quê, mas não interessa, tenciona-se baixar o nível mais abaixo, não vale a pena começar já aqui, não seria ciúme, seria exactamente o quê?
Idiotice?
Sentimento de exclusão de alguma coisa?
E quem foi que se excluiu?
Ah, espera lá, foram os maus, pois, porque não há erros da outra parte, que é vítima e mais não sei o quê.
CHEGA, CARALHO, BASTA!
O que é que interessa que os outros se juntem? Acaso ainda cá consta? Não, pois não, foi embora porque os outros é que são maus e lhe bateram, foi embora porque é impossível haver quem reconheça o erro e peça desculpa, e mais não sei quantas coisas que vieram depois, que só puseram mais lenha na fogueira, sabe deus o que virá. O que interessa que os outros se juntem, que jantem, se comam, que se matem, que se prostituam? O que é que isso pode ter de interessante para quem já cá não está, e já cá não está, tem de ser dito, por iniciativa própria?
Nada, pois não? Faz sentido que seja de outra maneira?Não, pois não?
O que é que pode ser assim tão interessante no ajuntamento de outros? Ah espera lá, foi feito num local público, pois sim... Porque deve ser a primeira vez que se faz convites naquele sítio específico, pois, nunca antes feito, pois... Uau...
Ah, esperem lá, já sei!!!!!!!
O uso da expressão "deixem de fingir de mortos"!! Acertou-se, não?
Pois sim, toda a gente saberá que agora morte, cadáver, tumba, sepultura, cemitério e outros termos relacionados têm que ser, naturalmente, usados para referir alguns cidadãos, ou apenas um. Pois sim, tudo a ver.
Cambada.
Sim, cambada.
Se for preciso, não lhe passa um boi em frente dos olhos quando há indirectas às quais se podia responder, mas quando o aviso nada tem a ver, pumba!, 'bora lá mas é mandar aqui uma farpazinha para saberes que eu percebi a piadinha, que era para mim, que eu bem sei, que eu sei tudo e tudo vejo, não penses que fazes de mim parva, era um ataque, pois.
B A R D A M E R D A, sim?
Ridículo.
Triste.
Patético.
Como é que uma coisa tão simples dá azo a comentários de quem não tem nada a ver. Nem mais que fazer, pergunta-se.
E responde-se.
Dois motivos:
a) há uma farpa cravada no olho de alguém, mais ou menos há um ano e pouco. Seria de esperar quem tem a dita farpa no olho, fizesse alguma coisa para a tirar, mas parece que não. É uma coisa desagradável, que deve ser incomodativa e doer, digo eu, não sei. E essa farpa, ironicamente ou não, veio exactamente de uma ocasião de cemitério, de morte, de tumba. Que uns não compareceram. E a partir daí, começa a farpa a entrar no olhito, pois então. E começa também uma campanha devastadora para purgar a terra das pessoas que lá não estiveram. Tudo começa com isto, e com quem de direito a ser incapaz de confrontar terceiros por causa disto. Pura e simplesmente.
b) toda a gente sabe que a vida depois da faculdade leva cada um para seu lado, é natural, já não nos podemos ver todos os dias, já não podemos conviver tanto como antes, é certo e sabido. Porém, essas coisas levam anos, talvez meses, vá, a serem feitas, demora um bocado para deixar de ver quem connosco conviveu. Então, e o que se pode fazer para que o processo de desagregação seja mais rápido? Faz-se qualquer coisa que ajude a que nos peguemos todos ao estalo por dá cá aquela palha, junta-se mais uns pózinhos de mexeriquices et voilá!, temos o prato pronto. Admitindo que não só por causa da alinea anterior, porque há mais pessoas que não têm farpas nos olhos envolvidas, e tudo, porque isto ser só culpa de um não tem piada nenhuma, o processo da purga tem algures início lá para o fim do curso. E há pessoas que não se querem ver mais umas às outras. Pura e simplesmente.
E resulta nisto.
Assim se faz uma bela coisa daquilo a que antes chamávamos amizade.
Assim se faz uma bela merda daquilo que antes era uma boa coisa.
Por causa de serem estúpidas, mimadas e ressabiadas, temos para o almoço o prato anteriormente citado.
Por causa destas coisinhas, alguma coisa se perdeu e não há volta a dar. Coisa essa que, de vez em quando ainda gosta de agir como se para tal tivesse legitimidade, o que resulta, inevitavelmente, em figura triste para quem assim age.
É pena.
Ridículo.
Triste.
Patético.
Contingências da vida.

Sem comentários: