sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tipicidade

Já perdi a conta aos nomes que ele me chama, sem nunca acertar no verdadeiro.
Ele é Ana, Alexandra, Renata, Sara, Adriana, Liliana, tudo e mais alguma coisa, mas o verdadeiro é que nunca sai à primeira.
Às vezes, grita lá do outro lado da sala "Ò..." e depois faz-se um silêncio sepulcral; o que se quase ouve é o cérebro do homem a trabalhar furiosamente a tentar-se lembrar do nome pelo qual quer chamar. Até me surpreende que ele não diga simplesmente: "Estagiária, venha cá!".Era muito mais fácil e limpo, sem chatices ou momentos embaraçosos.
O único momento em que parece lembrar-se da minha nomenclatura é quando chega o tempo de me dar na cabeça; aí quase nunca falha. Mas mesmo assim, nem sempre se lembra da personalidade jurídica inerente à minha pessoa, e sai simplesmente: "Ó Dra., venha cá!".
Já pensei em escrever uma lista com todos os nomes ou expressões que ele associa à minha pessoa e só ir ao pé dele quando for chamada pelos nomes que lá constam.
Assim à laia de princípio da tipicidade.
Não deixava de ser engraçado...

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