terça-feira, 22 de junho de 2010

Filhos? Não, Obrigado!

Se as pessoas são o mal do mundo, as crianças, que serão adultas muito em breve, são a raiz do mal. Porque logo pequenas, tal como indicado pela sua natureza, são do pior que pode haver em termos de maltratar o próximo, abusar da confiança, distorcer factos em seu favor, fazer pouco dos outros.
Mas, esperem lá, isto não é exactamente o que as pessoas completas, por assim dizer, fazem? Não é isto que se espera das pessoas crescidas, que saibam vingar, que saibam pisar os outros, que passem por cima de tudo e de todos para poder satisfazer a sua curiosidadezinha mórbida e desprovida de sentido?
Pois sim.
As crianças, nascidas assim ou assim criadas pelos progenitores, são aquilo que se vê: um poço da podridão adulta, das desvirtudes do crescer, da ganância e da maldade, sem laivos da inocência que passam a vida a apregoar que têm, onde, não se sabe, duvida-se que exista, essa história da virgindade de alma não se sabe se não será um grande barrete, uma forma literária e romântica de dizer que se esticaram as pernas e agora já não se gosta de andar de bicicleta e subir às árvores, agora é mais cromos do Mundial ou gajas a passar na rua, que já não sou puto nenhum.
As crianças são o princípio do fim; quando se põe no mundo uma coisinha fofa, dá-se tudo o que eles têm direito até que cresçam um bocadinho pequeno e se tornem monstrinhos egoístas e malvados, mas que aos olhos dos paizinhos serão sempre os meus rebentos preferidos, coitadinhos, são tão giros, tão queridos, deixá-los fazer asneiras, só tenho aqueles, coitadinhos.
Coitadinhos, dir-se-ia, dos outros que têm que aturar as criancinhas dos outros, que são tão porcas de espírito como os pais o são, que já carregam nas entranhas a apatia e a estupidez intrínsecas. Já se têm ouvido opiniões sobre as criancinhas em todos os cantos do mundo; tantos outros advogaram pela causa de não queremos criancinhas junto de nós que estragam tudo e ainda deixam celulite no rabo. É preciso ir para além do mundano: as crianças serão o reflexo de quem as construiu, mas mesmo que os escultores não sejam assim tão maus, há sempre a possibilidade de quem vai crescer seja podre, como todos os homens, porque esta é a natureza do homem, ser podre e transportar para as gerações futuras a podridão interior.
Que não haja ilusões, quem sai aos seus não degenera, seremos sempre assim, o cancro do viver em sociedade a correr nas veias de todos nós.
Sic.

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