É suposto esperar de braços abertos que os outros voltem? É suposto saber o que se deve fazer, mesmo que ninguém volte? É suposto não se sentir cansado de estar constantemente em ânsias por quem vem a caminho, e que nunca mais chega, nunca mais acorda?
E se um dia me cansar de esperar? E se um dia virar costas e me for embora também? Se me cansar de ter os braços abertos, e os fechar? O que sucede? O que acontece se também eu não quiser mais ficar? Se me fartar de ser boazinha e partir também?
Assim como um espantalho, que cansado de estar a pasmar no meio dos prédios rústicos, fecha os braços, e vai à vida dele, deixando os pássaros comerem a horta toda. Porque podem de facto comê-la. Que interessa? Não é a horta que alimenta o espantalho. Não é pelo facto de os pássaros a comerem que o seguram.
Era o manter os braços abertos.
Agora já os fechou. Foi-se embora. Foi espalhar a palha noutras sebes, bem vivas, por sinal.
Que se lixe a horta.
AS
Sem comentários:
Enviar um comentário