Dizia um grande poeta que existe o espanto inicial.
Provavelmente não sabia, mas também existe a estupidez inicial. Não só a inicial como a subsequente.
Acontece a todos, a bem da verdade.
Acontece a todos, a bem da verdade.
No início, não era o verbo, mas era tudo estúpido e altamente espantado. Depois, o espanto desaparece, que não há cá pão para malucos de andar sempre a cair nos mesmos buracos, e fica só a estupidez.
Alguns têm a sorte, livram-se dela, ficam simplesmente espantados e idiotamente inocentes o resto da vida. Outros, ficam estúpidos, e nem o espanto os safa.
Devem ter faltado àquela aula, na escola preparatória, ou quem sabe, mesmo escola primária, em que se explicava a diferença entre a burrice e a cegueira. Porque não sabem distinguir o óbvio daquilo que está à frente dos olhos, ou seja, a mesma coisa, e por isso não há esperança nenhuma.
Também devem ter faltado à aula em que se explicava o que são figuras de estilo, cada uma com um conceito e definição diferentes, logo, não há maneira de saberem ler sem alvitrarem umas calinadas acerca da literatura dos outros sem parecerem os tansos da vida.
Deve ser o espírito tuga que toma conta de semelhantes alminhas ; dizem que em cada português há pelo menos um treinador de bancada, um médico, um criminalista, um jurista, um sem número de bitolas por onde julgar sem saber muito bem o que se está a dizer. Deve ser esse espírito que baixa sobre estas cabecinhas que se acham tão pensadoras que abrem a boca para dizer alarvidades.
A estupidez inicial está presente em todos os momentos. Para quem não se soube livrar dela. Ou para quem não pode livrar-se dela, porque simplesmente está tão entranhado que não sai.
Como as nódoas de fruta na toalha de Natal da mãezinha. Como o treinador de bancada/médico/jurista/criminalista também não sai do tuga, por muito que se esfregue.
É inato.
AS
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