sábado, 13 de outubro de 2007

Nós. Eu, tu e as circunstâncias.

A teia de aranha adensa-se e eu não consigo escapar.
Os filamentos enrolados como uma corda pelas fiadeiras, formaram fios pegajosos, viscosos e ao mesmo tempo imaculados. Cada um deles foi tratado com aprumo. Recebeu amor, carinho e muito, muito trabalho. A teia é agora um labirinto: círculos concêntricos de complexidade e variedade moldam a armadilha, dão-lhe cor, fazem dela o meu leito de morte.
Snap! E num ápice prendeu-me. Os filamentos de teia mais fortes que aço, dificilmente se partiriam, por mais que esperneasse. O engodo foi muito bem preparado, o sol quente de Verão distraiu-me, desviou-me do caminho sem eu sequer me aperceber e aí fiquei. Só. Indefesa.

As vibrações do meu medo denunciaram a minha presença e ela começou a deslocar-se, velozmente, na sofreguidão insaciável de me devorar.

O sol pôs-se. Ecos vívidos e chocantes dos gritos de dor, da lenta tortura e do dilacerar da carne encheram a atmosfera. Que comece a dança numa noite obscura ao som de cânticos macabros.

Ao longe entoa-se levemente

“Mosquinha tonta, eu avisei-te”

SB

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