segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A Carta IV

Cara Amiga :

Antes de mais, deixa-me só congratular-me pelo facto de haver almas que realmente se esforçam para tentar perceber a retórica que por aqui é escrita. Deixa-me também congratular-me pelo esforço sobre-humano que fizeram essas almas, mas que infelizmente morreram na praia, porque não chegaram perto sequer, para tentar decifrar o que reina nestas missivas. É de louvar que se preocupem tanto, que tentem realmente, mas não vale a pena ; estas actividades são coisa de gente débil e claramente mentecapta, não vale a pena tentar perceber porque simplesmente isto não tem qualquer salvação possível. Se por acharem que conhecem o destinatário e o remetente estão no bom caminho para deslindar os mistérios das mentes estúpidas que perdem tempo a escrever estas linhas, então é que lhes aconselho melhor actividade a que se possam dedicar.

Sei que tinha prometido, desta vez definitivamente, deixar-te com os teu problemas para os resolveres sozinha, mas isto de facto merece que se acabe o interregno. Isto é de tal forma meritório que vou fingir que me esqueci as asneiradas da última vez, a última argolada que inventaste. Isto vale a pena, vale mesmo, e também, embora me custe, sei reconhecer quando até fazes alguma coisa menos mal.
Enfim, rabisco umas linhas rápidas.

Não para te desancar.
Não para te encher a cabeça de insultos.
Não para te envergonhar.
É para te felicitar.
Porque finalmente, uma coisa como deve de ser saiu das tuas mãos. Algo que esperava para ser feito fica realizado, e tu dormes muito melhor. Claro que podia sempre pegar pelo aspecto de que já podias dormir bem há muito, muito tempo se não fosses sempre a mesma, mas isso já não são contas para hoje.
Hoje é só para te felicitar. Porque estou orgulhosa de ti. Porque sei o esforço que foi preciso, porque sei o que custou. Mas mesmo assim, mesmo à beira de desistir e dar o caso como perdido, foste mais longe que alguma vez pensei que conseguisses ir. Foste e voltaste, mais forte, e com sono, porque deixaste a insónia para trás, pelo menos parte dela, que a outra … bom, outras contas, outro rosário.

Só mesmo para deixar claro que te volto a escrever quando achar que é preciso, que não há mais interregno. Que até mereces umas abébias de vez em quando.
Mas só de vez em quando.

Cumprimentos,
Aquela que te atura.
AS

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