Anda por aí uma revista feminina, muito conceituada, tanto na cena nacional como internacional, que se propõe revolucionar o mundo das mulheres.
Uma revista que se auto intitula moderna, futurista, que proclama ter renovado o perfil feminino na sociedade, ajudando e aconselhando as fêmeas a usarem o que têm para conquistar o seu lugar no mundo. Uma revista do século XXI, para mulheres de mente aberta, independentes, decididas...
E, lá para o meio, há uma tirada assim:
Para recuperar um namorado que anda desaparecido ou não telefona, escreva o nome dele por baixo de uma vela rosa. Acenda e espere!
Lá para os lados do 7º ano, revistas juvenis tinham secções inteiras dedicadas à feitiçaria de vão de escada para resolver todo o tipo de coisas. Era comum, estava na moda. E também era direccionado a cabecinhas bem mais frescas e verdes do que o público alvo da dita revista feminina.
Onde está a credibilidade de uma publicação com "dicas" destas?
Onde fica a expectativa das pessoas que a leiem com trampa desta?
Saber-se-á das dificuldades de uma editora em pôr nas bancas todos os meses novidades e assuntos cativantes, mas será preciso recorrer ao Alcina Lameiras style para segurar leitores?
Se a memória não falha, num passado não muito distante, uma publicação da mesma revista revelava o que, em anos incontáveis de existência, tinham sido os piores conselhos dirigidos à plateia feminina, de onde se destacava, claramente e sem qualquer sombra de dúvida, o dever de plantar uma cebola num vaso de cada vez que se arranjava um namorado novo, para que desse força à relação.
Ora, quem, num momento exactamente anterior, que é como quem diz, na revista do mês passado, afirma, como quem não teme, que fazer inveredar por caminhos de feitiçaria, tiradas directamente das páginas da SuperPop de 1997, não era a melhor solução para colocar as mulheres na vanguarda da sociedade, estará agora confiante que quem lê, para além de esquecer o que leu, vá a correr encher a casa de velas rosa com papeluchos lá debaixo para fazer voltar um tipo que nem se digna a ligar?
Pois sim.
Moral da história : quem lê o que não presta, habilita-se a encher o cérebro com areia.
Sim, está bem. Toda a gente enche a boca para dizer mal e apelidar de frivolidade as revistas femininas, mas a verdade é que, de uma maneira ou de outra, vão lá todas enfiar o nariz, nem que seja numa sala de espera de dentista.
Ver frases como a supra citada é que não.
Se não têm do que falar, deixem em branco. Fica melhor.
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