Há por aí um programa de televisão ( ultimamente, é só disto... ) que vai por montes e vales mostrar o que os cidadãos acham estar mal em suas terras. Alertado pelas queixas das pessoas, mostra a toda a gente o que de mal vai por esse país fora, constata as situações negativas e confronta quem de direito para as resolver devidamente. Um verdadeiro serviço comunitário. ( sem qualquer ponta de ironia )
Ora, parece que os munícipes do concelho de Sintra, talvez por serem muitos, talvez por haver demasiados problemas, recorrem com frequência ao dito programa, da SIC, para fazer valer os seus direitos, que de outra forma parecem não ter solução à vista. Queixam-se à televisão quando já se fartaram de queixar à autoridade competente, que nada fez, ou simplesmente fingiu nada ver.
Confrontado com a situação de muitas vezes ter que se justificar perante as câmaras sobre os problemas, que de facto existem, mas para os quais ninguém se mexe para solucionar, o senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra mostrou-se indignado com a frequência das visitas dos jornalistas do programa ( Nós Por Cá ). Achou o Senhor Presidente que já eram demais as visitas em busca de resposta para os problemas dos seus munícipes, e que em vez de o visitarem para se queixarem e o confrontarem com questões bicudas por explicar, deviam era, senhores jornalistas, visitar o concelho para comer uma queijada ou um travesseiro, quem sabe comer um leitãozinho de Negrais, beber um vinho de Colares, ou sentar o rabo na Piriquita a bebericar ginger ale, em vez de virem chatear o senhor Presidente com essas coisinhas pequenas.
Ora, ora, senhor Presidente...
Não tem vergonha?
Em vez de se dedicar à profissão de guia turístico, devia era resolver, de facto, os problemas levantados em vez de mandar as pessoas comer pastéis. Devia esforçar-se para, pelo menos, fingir, que se preocupa com o cargo que ocupa e com as questões inerentes a ele. E não sentir-se indignado quando o confrontam com assuntos que já deviam estar mais que resolvidos. Porque não é mais que a sua obrigação.
Talvez seja tempo de lembrar, senhor Presidente, que há que governar o município em vez de andar a comentar futebol.
Talvez seja tempo de lembrar que, se o confrontam tanto, é porque estão coisas por fazer.
Talvez seja tempo de ter consciência que, se as pessoas se queixam, não é verdadeiramente para o chatear; é porque o seu dever não está cumprido.
Ou não é?
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