O capitalismo selvagem é uma coisa horrenda, que destrói a sociedade e leva o homem pelos caminhos da decadência.
Digo eu, que nada sei, nem pretendo saber, mas sou obrigada a levar com esta ideologia estúpida todos os dias pelas trombas abaixo.
O ilustre edifício que alberga o meu domicilio profissional tem aquecimento central movido a força de uma caldeira toda maricas, cheia de tecnologias e porras, movida, por sua vez, a gasóleo, muito lindo e cheiroso e caro como a gaita, que é armazenado num depósito industrial algures nas entranhas do jardim.
Para aquecer a casa, estão radiadores em todas as salas, nas salas maiores há mais do que um, havendo os ditos bichos nas casas-de-banho.
Sucede, porém, como tudo na vida, nem tudo são rosas, e a maravilha do aquecimento haveria de ter algum defeito: quando as portas ou janelas estão abertas, pela maior entrada de ar que arrefece o espaço, a caldeira começa a trabalhar com maior vigor para compensar o arrefecimento provocado pela circulação de ar extra, gastando na proporção da força empreendida.
Houve um desgraçado que, vendo-se aflito, resolveu, à hora do almoço, ir aliviar a sua tripa. Foi cagar, portanto. E como não queria que ninguém levasse com o cheiro da sua bufa enquanto trabalhava, abriu a janela da casa-de-banho em basculante para o perfume se evaporar mais depressa. Mas não desligou o radiador, pelo que a caldeira dançava alegremente na sua casinha enquanto meio depósito ia à viola.
Eis que chega a besta e, deparando-se com o cenário supra descrito, dá um grito para meia casa ouvir: "Quem é que foi arrear o calhau?"
Face à estranheza da questão, toooooooda a gente parou o que estava a fazer e ficou a ouvir. "Então os meninos não sabem que não podem abrir a janela no inverno, que a caldeira gasta muito?! Julgam que andamos a roubar?!"
Alguém lhe deve ter dito (provavelmente foi o cagão) que, caso não abrisse a janela, ficava a cheirar a ETAR pela casa fora e não havia direito de fazer as pessoas trabalhar literalmente num ambiente de merda.
Ficámos, assim, a ser que, para o nosso ilustre patronato, mais vale ter cheiro pestilento e merdoso, a colar-se às nossas peles e roupas, a agoniar-nos até à 15ª geração, do que gastar um milésimo de mililitro de gasóleo a mais por causa do aquecimento.
Portanto, aqui, nesta casa, mais vale levar com a bomboca do cheirinho a cagalhão acabado de fazer do que gastar mais um cêntimo que seja no filha-da-ganda-puta do gasóleo.
Nem vale a pena tecer mais comentários; tudo fala por si, não é verdade??
E por aí?
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