Não resistindo ao apelo, livrei-me do meu ar de Alice no País das Maravilhas e cortei a trunfa.
Aquela cabeleira que me chegava ao meio das costas, dando-me um aspecto de mulher das cavernas com laivos de cigana, recuou até aos ombros. Tenho agora, portanto, apenas um ar ligeiramente despenteado.
Ainda pensei armar-me em estouvada e cortar até à base do pescoço, num corte modernaço, mas achei que a minha melena louca não ia aguentar a pressão e iria transformar-se num cogumelo nuclear à primeira lavagem, portanto, deixei-me ficar por aqui. Vejamos como corre daqui para a frente.
Porém, quando olho ao espelho e vejo que me faltam cerca de 15 cm de cabelo, não me reconheço.
Foram 10 longos anos de companheirismo e histerismo na hora de pentear, foram dez anos de longos insultos e ataques de pânico com escovas presas nas cavernas de cabelo, uma década de ralos entupidos e placas de alisamento que queimaram a resistência na tentativa vã de alisar aquela selva aruivada.
Tenho para mim que vou deixar-me rapidamente de nostalgias e maldizer a minha sorte quando esta coisa viva em cima da cabeça começar a ficar farta do penteado novo...
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