sexta-feira, 14 de outubro de 2011

OE 2012

Chegou, finalmente, o tempo de mostrar a verdadeira face.
E a verdadeira face é mostrar a vontade de esmagar a economia.

Diga-me lá, senhor Primeiro-Ministro, se crê realmente que retirar os subsídios de férias e Natal vai ajudar em alguma coisa ao incremento do consumo e da economia nacional?


Diga lá, senhor Primeiro-Ministro, se crê verdadeiramente que mais meia hora de jornada de trabalho por dia ajuda alguma coisa à produtividade?

Deixe-me dizer-lhe umas pequenas coisinhas, senhor Primeiro-Ministro...

Tivesse o senhor vivido e nascido neste país, e não em Marte, saberia perfeitamente que quando ouve os senhores empresários e resolve atender as suas reivindicações, está a trilhar um caminho que não o do progresso. Num qualquer outro país, estas medidas funcionariam, mas não em Portugal.

Sabe porquê?

Por causa da mentalidade.
Mentalidade essa que dita que qualquer tuga que chegue a cargo de chefia fica automaticamente formatado para explorar os subordinados.

Pergunte a qualquer patrãozinho se acha que os trabalhadores a seu cargo prestam para alguma coisa. Vai logo dizer-lhe que não, que são uns preguiçosos, que não produzem, que só querem direitos, que não servem para nada e que o melhor era mesmo reduzir-lhes os salários, aumentar-lhes o horário de trabalho, tirar-lhes as férias e os fins-de-semana, já agora, não, o melhor é cortar-lhes de vez os salários, virem trabalhar de graça que não fazem mais que a obrigação deles em trabalhar para o bem da economia. Ai não querem?, então, rua e sem indemnização, que é assim que se lida com essa gentalha pobre que tem que trabalhar para sobreviver e sustentar as famílias.

Num qualquer país evoluído, sim, provavelmente resultaria, mas não aqui, que a mentalidade não deixa. Estas medidas vão ser usadas para explorar, enriquecer quem já é rico e deixar miserável quem já está em dificuldades.

Não tenha dúvidas, estamos em Portugal.

Ao atender a estas reivindicações, senhor Primeiro-Ministro, naquilo que você gosta tanto de chamar de reuniões de consertação social, e a implementar estas medidas no sector público, está a abrir o precedente para inserção destas medidad no sector privado. Sector privado, senhor Primeiro-Ministro, aquele que sustenta a economia e que é sempre o mais sacrificado.

A jornada de 40 horas semanais de trabalho é uma conquista de Abril, sabia?
Olhe o que acabou de fazer com ela...

Já agora, que está numa de cortar e até já pensou em cortar nos feriados, acabe também com o 25 de Abril e com o 1º de Maio, reduza-os progressivamente até não existirem, nem um, nem outro, para quê?, já não fazem sentido. Com a República, que também não faz falta nenhuma, agora já temos mulheres nuas em cada esquina, não precisamos daquela com as mamas de fora, e ainda por cima, gorda que mete dó. Acabe também com o Natal e com a Páscoa, com o Corpo do senhor e com o 1 de Novembro. Ai não, espere lá, que os de direita andam sempre a bater com a mãozinha no peito e a dobrar o joelhinho ao senhor, com esses não pode, é verdade, queira desculpar.



Está a transformar este país num charco de merda, senhor Primeiro-Ministro, e ao implementar medidas descabidas que vão em muito para além do acordado com a Troika, está a acabar com ele aos poucos.
Parabéns.



Quando V.Exa. foi eleito, fiz um vaticínio: a de que não ficaria no poder a tempo do Natal.

Continue assim, senhor Primeiro-Ministro.





É que, sabe, eu adoro ter razão.

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