quarta-feira, 29 de abril de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pergunta do Dia

Porque são as pessoas estúpidas?

Bem, aqui está uma pergunta verdadeiramente difícil de dar uma resposta capaz e convincente.

Por vezes, o estúpido é só aquele que insiste em não dar um jeitinho pequeno e desviar-se 5 cm para se poder sair de um comboio atolado de gente camela.
Outras vezes, o estúpido é aquele que passa à frente na fila do café.

Outras vezes ainda, o estúpido é aquele que não se suporta e que insiste em habitar a mesma turma, e que de cada vez que abre a boca, só dá vontade de lhe enfiar lá para dentro uma granada sem o pino e correr para longe o mais depressa que se puder.

O estúpido, mesmo assim, pode ser o gajo do lado ou o que se conhece há anos, que nunca se viu, ou que se vê todos os dias, não interessa; pelo menos uma vez por dia, alguém neste belo país à beira mar plantado abre a boca para chamar estúpido a outrem, quando mais impropérios não saltam cá para fora. É normal, já ninguém liga, mas não parece que alguém se interesse em ir à raiz do problema e investigar o porquê de tanta estupidez amontoada num único ser humano, quando há gente que continua incólume, sem um único salpico na alma.

Facto: há estúpidos em todo o lado. Estúpidos na faculdade, na rua, nos transportes, nos cafés, nas lojas, nas casas de banho, a saírem pelas paredes, a saltarem do chão como cogumelos, a saírem de todos os lados, ao virar de cada esquina.

Outro facto: não se sabe muito bem porquê, mas existem. De facto, todos os seres humanos parecem dotados de uma certa estupidez militante, derivado do facto de, dada a nossa condição de imperfeitos, termos necessariamente de conviver com as falhas, dos próprios e dos outros. Uns possuem mais, outros possuem menos, mas em larga medida, todos a têm.

E depois surgem aqueles seres que contêm mais do que a sua dose de estupidez-por-humano, aqueles que abusam, que têm mais do que a sua pequena cabeça lhes permite suportar. Para tal, pode tentar-se arranjar as mais variadas explicações para o fenómeno, entre os quais:

a) sol a mais na mona;

b) fumar daquilo que dá para rir;

c) stress;

d) problema genético;

e) forte contusão cerebral devido ao choque entre a cabeça e o berço, em criança;

f) problema congénito;

g) inflamação cerebral derivada das pauladas que se levou na escola básica;

h) atrofia severa de alguma parte que faça falta depois de se ser aluna de um certo assistente de Teoria Geral do Direito Civil, numa Casinha cheia de Monstros Civilistas, em Lisboa;

i) ter tido DIP à menos de meia hora;

j) efeitos da medicação para a esquizofrenia;

Podia continuar-se aqui indefinidamente a tentar alvitrar soluções, tão estúpidas como o problema a que se refere, até se perceber que não haveria grande explicação, afinal.
A explicação dá-se com um mero e singelo ...

porque sim.

Musiquem!



Não há mais o que fazer, e o mundo não está pelos ajustes.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

Dize-me, Amor, como Te Sou Querida - XXIII

Dize-me, amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.

Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!

Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem turnura,
Agonia sem fé dum moribundo,

Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!


Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas
"

Mesmo que eu saiba, diz outra vez.

sábado, 25 de abril de 2009

O Herói Esquecido






As mãos que fizeram a revolução.
O Capitão voltou a marchar hoje em Lisboa.

Abril, hoje e sempre

A música é bem capaz de ser a mais bela das artes, ou se não o é, para lá caminha, a passos largos.
A música serviu de lançamento ao mais importante acontecimento da história de um país, caminhou com ela, abriu portas, assistiu ao renascer de uma nova era.

Hoje, como há 35 anos, importa que não se deixe morrer a chama que tanto custou a reacender, e nunca esquecer o que a música, como inspiradora, e ela sim, verdadeiramente revolucionária, transmitiu. E continua a transmitir.



Grandola Vila Morena, José Afonso



E depois do adeus, Paulo de Carvalho

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Verdade Verdadinha

Dias os há em que pôr uma bomba num sítio onde muitos estão para chamar a atenção para uma causa, não seria suficiente.

Seriam precisas várias.
Ou uma bomba daquelas cheias de preparado de urânio.

Uma bomba daquelas bonitas, e cheiinhas, redondinhas, fofinhas, repletas de morte, completas com destruição. Sim, sem dúvida uma solução.

Estar num sítio onde todos se matam para ter um lugar numa reles simulação, em que passam por cima de tudo para ter o que desejam, em que se esfolam uns aos outros para conjugar o útil e o agradável, ter pouco que fazer e ainda se safar com uma bela notinha, é uma cruz que se carrega há anos. Mas por mais que passem, parece sempre o primeiro dia em que se viu semelhante miséria humana.

Não há vergonha.
Não há espírito de corpo.

Sete tinhosos, porcos e decrépitos cães a um mísero osso.

Raios partam a Judicatura.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Comboios, como não podia deixar de ser...

Custa muito desviarem os traseiros para deixar sair uma pessoa? Sabe-se que é de manhã, que ainda está tudo meio a dormir, que a vida custa a todos, mas porque será que é tão difícil chegar-se para o lado? Ainda por cima, barafustam, esperneiam, mandam vir por fazer uma coisa tão simples.
Camelos.

sábado, 18 de abril de 2009

Faltam 6 semanas.

My Long Lost Love



Abençoadas mãos que escreveram.
Abençoado coração que o sentiu.
Abençoado por sentir igual.

Maravilhoso.

Beauty Of The Beast

[Long Lost Love]

Trees have dropped their leaves,
Clouds their waters
All this burden is killing me

Distance is covering your way,
Tears your memory
All this beauty is killing me

Oh, do you care,
I still feel for you
So aware,
What should be lost is there

I fear I will never find anyone
I know my greatest pain is yet to come
Will we find each other in the dark
My long lost love

[One More Night To Live]

Safely away from the world
In a dream, timeless domain
A child, dreamy eyed,
Mother's mirror, father's pride

I wish I could come back to you
Once again feel the rain
Falling inside me
Cleaning all that I've become

My home is far but the rest it lies so close
With my long lost love under the black rose
You told I had the eyes of a wolf
Search them and find the beauty of the beast

All of my songs can only be composed of the greatest of pains
Every single verse can only be born of the greatest of wishes
I wish I had one more night to live

A saint blessed me, drank me deeply
Spitting out the misery in me
Still a sinner rapes 1000 saints
Sharing the the same hell with me

Sanest choice in the insane world...
Beware the beast but enjoy the feast he offers

[Christabel]

"Oh, sweet Christabel. Share with me your poem.
For I know now, I'm a puppet on this silent stage show.
I'm but a poet who failed his best play.
A Dead Boy, who failed to write an ending
To each of his poems."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sad but True

- Vou fazer um pote, vou juntar todas as moedas, e quando tiver suficiente, venho cá buscá-los!
- Quando tiveres suficiente, já cá não estarão.

O que achei ...



... por 1,89€!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Leitura Ferroviária

Detesto pessoa esquisita que vai no comboio de asas abertas, ou seja, a ocupar o seu lugar e ainda a dar com os cotovelos no ser do lado, e a pontapear gentilmente quem vai à frente.

Como se não bastasse, qual amendoim, descasca-se a rir ao ler um livro, e a cada página que vira, tem um ataque de risota que nunca mais acaba. Eis senão quando alguém tem a infeliz ideia de olhar para trás ou para o lado para ver quem se vi tão parva e efusivamente no meio de um comboio cheio de gente macambuzia e silenciosamente rezingona, ai deus!, que tragédia!, que desgaste emocional!, que falta de respeito!, vira-se logo o senhor risonho, já menos bem disposto, para ver quem o observa, olhando profundamente, quase colando os olhos à face do outro transeunte, quase perguntando se deseja alguma coisa, já não se pode estar à vontade a rir quem nem um perdido de uma coisa que mais ninguém percebe a não ser o próprio, e mesmo assim, com muitas dúvidas.

Como ainda não é suficiente para preencher o coeficiente de surrealismo e demais situações bizarras, quando chega o comboio à estação de destino do leitor louco, vá de escoicinhar e bater nas poucas pessoas que ainda restam na carruagem, ainda balbucia qualquer coisa como já li umas 400 paginas disto e cada vez me rio mais, enquanto olha desdenhosamente para quem lê histórias de um miúdo de óculos que faz magia com um pau na mão.

Vidas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sapateado

Ia apressadamente a descer a rua quando os viu numa montra.

Eram lindos.

Vermelhos, brilhantes, de formas perfeitas, de salto magnífico, eram sapatos de sonho.
Entrou na loja, pediu o seu número no modelo fantástico, pagou e saiu com eles nos pés, deixando num caixote do lixo qualquer o que antes lhe revestia as extremidades.


E caminhava feliz, pela rua fora, com os novos sapatos, olhando em todas as direcções para se certificar que todos reparavam na sua nova aquisição.

Eram pesados, os sapatos maravilhosos. Com solas revestidas de chumbo, faziam cada passo pesar toneladas, arrastado o andar, fazendo penoso e doloroso o caminhar antes livre.
A cada passo que dava, mais os sapatos ficavam pesados e apertados, mitigando os passos, tomando controlo dos pés, levando para um caminho autónomo, tomando controlo da direcção a seguir.


E não mais foi senhora do seu destino, agora comandada pelos lindos sapatos que controlavam tudo e todos, que controlavam o cérebro, impedido de traçar o destino, contente de não mais tomar decisões.

E não mais quis saber de outros calçado inferior, que não a mandava para onde não queria ir, que não decidiam por ela o que fazer.

Vermelhos, brilhantes, de formas perfeitas e solas de chumbo, a cada passo dado era mais que certo o destino.

Traçado, escrito à séculos.
Aquilo e mais nada.


Sic.

sábado, 11 de abril de 2009

Patchouli




Ai que bem cheiras, que bem cheiras dos sovacos!
As meias rotas e os sapatos descascados
Nas avenidas ainda fazes os teus engates
E tudo graças ao perfume Patchouli!

Essas miúdas das escolas secundárias
Com cheiro a leite e um soquete no artelho
Ficam maradas com o teu charme perfumado, yeah!
O teu perfume Patchouli!

Essas miúdas das escolas secundárias
Já fumam ganzas na paragem do eléctrico
Com essas barbas com mais buço que pintelho
Não dizem duas quando estão ao pé de ti

O que elas gostam mesmo é de cheirar
O teu perfume Patchouli!




Do que uma pessoa se lembra...
Esta é de 1981!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Esta Música é ...



... tão sexy.

Die Liebe ist ein wildes Tier
Sie atmet dich sie sucht nach dir
Nistet auf gebrochenen Herzen
Geht auf Jagd bei Kuß und Kerzen
Saugt sich fest an deinen Lippen
Gräbt sich Gänge durch die Rippen
Läßt sich fallen weich wie Schnee
Erst wird es heiß dann kalt am Ende tut es weh

Amour Amour
Alle wollen nur dich zähmen
Amour Amour am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Die Liebe ist ein wildes Tier
Sie beißt und kratzt und tritt nach mir
Hält mich mit tausend Armen fest
Zerrt mich in ihr Liebesnest
Frißt mich auf mit Haut und Haar
Und würgt mich wieder aus nach Tag und Jahr
Läßt sich fallen weich wie Schnee
Erst wird es heiß dann kalt am Ende tut es weh

Amour Amour
Alle wollen nur dich zähmen
Amour Amour am Ende
Gefangen zwischen deinen Zähnen

Die Liebe ist ein wildes Tier
In die Falle gehst du ihr
In die Augen starrt sie dir
Verzaubert wenn ihr Blick dich trifft

Bitte bitte gib mir Gift

Amour, Rammstein

O Revisor

Detesto revisores.
Ou fiscalizadores de comboios.
Ou picas.
Ou o raio que os parta.

Malcriados, arrogantes e estúpidos, como se todos os comboios do mundo lhes pertencessem, caminham por ali em busca de infractores como se não houvesse amanhã, lançando olhares reprovadores a quem tenta chegar a horas ao destino, com um letreiro na testa que demonstra claramente que ninguém tem o direito de estar ali, a não ser, claro, eles, reis e senhores.

Pode ser que com esta inovação das cancelas automáticas nas estações, deixem de ser precisos, e possam ser encaminhados para outras funções, essas claramente mais úteis.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Crescei e Multiplicai-vos, Parte II

Desde o berço até à cova, filho é sempre filho, sempre devedor de respeito e boca calada a opiniões, de cabeça baixa para as posições tomadas porque em minha casa fazes o que eu mando e mais nada, mas onde é que isto já se viu.

Sob a égide da benquerença para os filhos, tudo serve de desculpa para imposições, sermões e missa cantadas em todas as línguas, pragas e profecias, onde se chora aos quatro ventos que a ira de deus se abateu sobre a cabeça da progenitora que vê a sua criança ir-se pelos caminhos sinuosos de ideias que não são as dela, que vê a sua criança perder-se pela vida que não ela a escolheu, porque a moral e os bons costumes que transmitiu não sortiram efeito nenhum e o devasso do filho faz o que lhe dá na telha. Porque o que ela, paridora de uma criança grande queria, mesmo que não confesse e que as vezes berre o contrário, o que mais desejava era o que sonhava quando o puto ainda estava no quentinho das suas entranhas, como um curso de senhor doutor que cura maleitas, uma vivenda perto da sua querida mãe para que o possa visitar sempre, uma esposa à altura, de boas famílias, e se possível netos e mais netos para estragar com mimos. Na altura, não pensou que o puto poderia querer uma vida à medida das ideias dele, à medidas dos padrões que lhe foram ensinados mas adaptados à pessoa que, de facto, é. Não pensou que não podia toda a vida dizer ao catraio o que fazer, não pensou nunca que o ia ver com barbas, crescido, senhor de si, imaginou que com ela iria ser diferente, que junto dela nenhum relógio alguma vez funcionaria, o tempo nunca passava da infância terna e feliz do seu menino, e ele sempre ouviria a mãezinha como quem ouve a voz de deus.

Não se admirem, portanto, as almas inocentes que muito se espantam do sangue do seu sangue tornar-se numa coisa que não era bem aquilo que desejavam quando tudo começou, um filho maltês, uma filha levantada, sangue envenenado, as tentativas de impedir que o filho salta a cerca, por mais que se tente, por mais que se chore e grite, por mais que se ameace, por mais que se peleje, o resultado é sempre diferente do esperado, ou o filho faz o que vê em casa porque não tem mais hipótese, ou vai ver novos mundos por sua conta e risco, mesmo que se arrisque a que o rotulem de maltês ou levantada.

Assim não é, os progenitores não querem é perceber o simples facto de que se hoje são pessoas, boas pessoas, quem sabe, é porque tiveram oportunidade de se desenvolverem sozinhos. Talvez com a contrariedade dos seus pais deles. Talvez uma cópia do que em casa havia por ser cara a originalidade. E os filhos? os filhos ouvem o que parece uma praga vinda dos sete cantos dos infernos porque afinal soa a ingratidão quererem caminhar para fora do ninho que os viu nascer. Oh, crime dos crimes, maldição sobre a terra, malfadada a hora em que te pus no mundo, criatura estúpida que nem fazer o que eu quero por duas ou três décadas fazes, imundice em forma de gente, é esta a paga que se leva de uma vida de dedicação a um filho.

O que diz a Constituição sobre a auto-determinação pessoal, livre de imposições, conta muito pouco nestes campos. Interessa que se agrade a gregos e a troianos, que é como quem diz, a quem o agregado familiar contiver, o resto releva pouco. Deve ser umas das consequências das pernas que crescem e do cérebro que estica, faz apagar da memória o que em jovem se era, o que se queria e não se teve, o que era objectivo e virou frustração ao longo do tempo, o que se construiu baseado numa ideia de ir mais além mas que ficou preso num limbo de imposições paternais, de ingratidões familiares, de caminhos para fora do ninho que nunca chegaram a grande viagens muito por causa da corrente presa nos pés daqueles que nasce.

Explica muita coisa, pode crer-se.

Recomenda-se ( muito ) Vivamente II



Vá, espectacular!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pergunta do Dia

Porque existem despedidas?

Porque as pessoas, mesmo não querendo, têm mesmo de se ir embora, e era de muito mau tom e má educação ir embora sem dar cavaco. Exactamente porque, se um dia se voltar, aqueles de quem não se despediu não falam a quem se foi embora sem nada dizer, e assim há que voltar a ir embora porque não há ninguém para conviver.

(quem estava à espera de um grande discorrer sobre a temática do adeus, volte cá noutra altura, que por enquanto a estupidez ainda reina.)

Crescei e Multiplicai-vos

Os pais não podem fazer tudo. Os pais põem os filhos no mundo, fazem por eles sempre o pouco que sabem, e ficam à espera de que o melhor aconteça, parecendo-lhes até que se estivessem com muita atenção, ou mesmo quando não tanta assim, com qualquer coisa um pai se ilude, julga-se atento e não está, mas enfim, é impossível que filho meu seja maltês, minha filha levantada, o meu sangue envenenado.

José Saramago in Levantado do Chão

Os pai querem sempre o melhor para seus filhos. Gostam sempre deles e por isso desejam sempre o que de melhor a vida tem para oferecer. Exclui-se daqui, obviamente, à partida aqueles casos, mesmo que abundantes, de sentimentos direccionados a filhos que parecem antes ser direccionados a cães tinhosos, mesmo que sejam realidades, a verdade é que a maioria das pessoas com rebentos no mundo quer-lhes bem.
Porém, a noção de bem que se quer aos filhos tem nuances, tem diferenças de progenitores para progenitores, confunde-se com as convicções dos pais a educar os filhos, confunde-se o bem que se lhes quer com aquilo que querem que os filhos façam.

A bem da verdade, a posição dos pais é ingrata, bastante desagradável, se bem analisada.
Produzem um infante, com todo o amor e carinho, vêem-no nascer, pequeno e indefeso, gostam dele imediatamente, cuidam dele, dão-lhe alimento, de vestir, conforto, observam um pequeno ser aprender a falar, e a andar, e a comer sopa sem cuspir, a pintar sem pintalgar a mesa, riem-se das tentativas de pronúncia de palavras difíceis, deixam-nos fazer diabruras, tão lindo o nosso menino, prolongamento de nossas sementes, é o nosso legado para o mundo, a única coisa que verdadeiramente cá deixamos, o nosso contributo, a nossa obra, tão lindo o nosso menino. Depois os rebentos vão para a escola, conhecem outras realidades, outras cores, esquecem-se de fazer os trabalhos de casa, não gostam da professora, apanham dos colegas, andam ranhoso e não querem visitar a avó, mas são sempre os lindos infantes paridos do amor dos pais, sempre os protegidos, que por mais traquinas que sejam, são sempre os mais queridos e adorados de sempre, a criança do meu coração.

As crianças crescem. Juntamente com as pernas que esticam, também o cérebro muda e os pais já não são o mundo deles, pelo menos não todo. Há novas coisas para ver, outras ideias para aprender, pessoas para conhecer, um mundo inteiro para ser viajado. E os pais ficam em casa, distantes de um universo inteiro que agora é o momento de ser conhecido. Perdem aos poucos as suas crianças queridas, fofas e pequeninas, que preferem ficar horas a teclar com gente desconhecida num chat qualquer do que conversar alegremente com os pais sobre assuntos aborrecidos, que se vestem como calha e como mandam as modas esquisitas em voga, afastam-se dos comportamentos que lhes foram ensinados, os valores que lhes foram transmitidos, fumam, bebem, chegam tarde, fazem sexo, praguejam, são arrogantes, umas bestas ingratas que se esquecem de tudo quanto lhes demos, de tudo o que sacrificámos, de tudo o lhes ensinamos, só quer é vadiagem, nem nos liga nenhuma, e agora tem ideias estrambólicas, tem a mania que vai mudar o mundo, onde é que isto irá parar com gerações assim, são uns maltrapilhos, uns valdevinos, que pusemos no mundo, em que falhamos, o que fizemos mal, criámos um monstro.
Esta é a sina maldita daqueles que trazem novos seres ao mundo. É a sina dos desgraçados que se vêem abandonados e de certa forma até traídos por os filhos serem tão más pessoas, e tão afastadas dos sagrados e fieis ensinamentos que lhes foram transmitidos. A posição dos pais é ingrata e bastante desagradável, até.

De certo modo, sim. Nem sempre as criam respeitam quem os pariu.
Mas quem os pariu não respeita a sua criação. Em fase (quase) nenhuma da vida da cria.

Puta que os Pariu

Uma hora e meia dentro de um comboio, parado, atafulhado, com ar irrespirável.
E as pessoas...
500 mil pessoas dentro do mesmo compartimento, a lamuriar, a choramingar, a barafustar, a gritar, julgando que só elas ali estavam presas, sem nenhum resquício de informação por parte de quem as mantém ali...
As pessoas...
Sem respeito nenhum por mais ninguém, julgam que somente elas são as desgraçadas, as vilipendiadas, as ofendidas, as maltratadas.
Esperneiam, agitam-se,mandam bocas, falam alto ao telefone, para mostar descontentamento a todo o mundo que as oiça, distribuem cotoveladas, indignam-se...

São vítimas, coitados, são maltratados do mundo comandado por gente insensível.

Chegar a casa e haver peixe para a janta.




A justiça é uma batata.

domingo, 5 de abril de 2009

My Winter Storm



Recentemente, existiu oportunidade de ouvir o trabalho desta senhora.
Pondo de parte a vontade de a mandar bugiar pelo sucedido no seio dos Nightwish, tentou-se, mesmo que por momentos, ser imparcial e ouvir o trabalho a solo.

Escapa, por assim dizer.
Algumas músicas estão, de facto, comestíveis, dando ênfase à bela voz de Tarja Turunen. Outras, mais valia que tivesse ido comer um gelado ou fazer outra coisa qualquer, porque parecem retiradas de um cd de música pumba.

Para quem passou tanto tempo a queixar-se que queria seguir um caminho diferente do metal e daquilo que os Nightwish construiram dentro dele, não é lá muito coerente.

Fica a nota, mesmo assim.

Música é sempre música.

Recomenda-se ( muito ) Vivamente




Apreciado.
Muito apreciado.

Del Toro magnífico.

sábado, 4 de abril de 2009

Tempo em que se matam os Porcos

Vi-te.
Estavas lá.
Quem me dera que não estivesses.
Quem me dera não te ter visto.
Pensei que tivesses morrido.
Oxalá assim pudesse ser.
Oxalá.

Mas não. A prova é que te vi, e continuas cá.
A empestar tudo, a espalhar a tua imundice, a emporcalhar o ar. A ser. A existir. Continuas cá.
E continuas com essa cara de santa milagreira da sarjeta, de ovelha fofinha, de livro usado com capa nova. Continuas igual. Como é bom ver a evolução em quem não se vê há tempos sem memória...
E como era preferível continuar sem essa memória.
Como era preferível não ter que te ver. Olhar para ti, sentir-te perto, sabendo que não posso deitar-te as mãos ao pescoço e acabar com a tua vidinha triste e miserável.
Pena capital seria a minha, mas não haveria prazer maior que o último suspiro teu fosse roubado por minhas mãos. Pena capital merecia eu, mas nunca com arrependimento. Pena capital teria, não sem antes respirar de alívio porque da face da terra apagaria eu a tua peçonha. Oh satisfação! Oh alegria infinita! Oh maior dos deuses que finalmente guiou minhas mãos para o acto derradeiro de salvação.

Mas não.
Ainda lá estavas quando virei costas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Pergunta do Dia

Porque são as pessoas invejosas?

Resposta :

Porque crêem profundamente que só elas têm direito a ter boas ideias. Quando são os outros a tê-las, está o caldo todo no chão.

E assim nasce a inveja.

Palavreado

- Que feio.
- Eu sei.
- Podias fazer melhor que isso.
- Já sei.
- E mesmo assim, insistes.
- Pois.
- E canalizar energias noutro sentido...? Não?
- Não consigo.
- Não consegues ou não queres?
- Não consigo.
- Nem queres...
- Não faço de propósito.
- Ai não?
- Não.
- Não é nada bonito, não senhor...
- Já me disseste.
- Há que reiterar.
- Espezinhar, queres dizer...
- Mereces.
- Pois. Parece que sim.
- Imbecil.
- Um pouco, sim.
- Nem te redimes...
- Culpo-me, não é o mesmo?
- Não pareces lá muito culpada.
- E depois?
- Isso é feio!
- Já sei! E depois, fazer o quê? Já está feito.
- É mais pensado que feito...
- Isso.
- Bela resposta.
- Não tenho outra.
- Cretina.
- Vai-te foder.
- Pois vou. Queres vir?