Detesto pessoa esquisita que vai no comboio de asas abertas, ou seja, a ocupar o seu lugar e ainda a dar com os cotovelos no ser do lado, e a pontapear gentilmente quem vai à frente.
Como se não bastasse, qual amendoim, descasca-se a rir ao ler um livro, e a cada página que vira, tem um ataque de risota que nunca mais acaba. Eis senão quando alguém tem a infeliz ideia de olhar para trás ou para o lado para ver quem se vi tão parva e efusivamente no meio de um comboio cheio de gente macambuzia e silenciosamente rezingona, ai deus!, que tragédia!, que desgaste emocional!, que falta de respeito!, vira-se logo o senhor risonho, já menos bem disposto, para ver quem o observa, olhando profundamente, quase colando os olhos à face do outro transeunte, quase perguntando se deseja alguma coisa, já não se pode estar à vontade a rir quem nem um perdido de uma coisa que mais ninguém percebe a não ser o próprio, e mesmo assim, com muitas dúvidas.
Como ainda não é suficiente para preencher o coeficiente de surrealismo e demais situações bizarras, quando chega o comboio à estação de destino do leitor louco, vá de escoicinhar e bater nas poucas pessoas que ainda restam na carruagem, ainda balbucia qualquer coisa como já li umas 400 paginas disto e cada vez me rio mais, enquanto olha desdenhosamente para quem lê histórias de um miúdo de óculos que faz magia com um pau na mão.
Vidas.
2 comentários:
Era a Bíblia?
Não, era aquele novo da Meyer ( dos vampiros ), Breaking Dawn, ainda em ingles...
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