sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Criptográfico

Em tempos conheci e convivi com uma pessoa que era, básica e friamente, uma merda.

Tal pessoa gostava muito de dizer coisas que eram, também elas, básica e friamente, uma merda.
Tinha gosto em ofender as pessoas, em machucá-las e deixá-las abaladas. Em deixá-las na merda, resumindo. Um alegria de convivência, portanto.

Ora, tal pessoa, certa vez, proferiu uma série de impropérios acerca de uma outra pessoa.
Palavras grosseiras, maldosas, horrendas, que pretendiam ser um vaticínio, tão sábio e metapsíquico era o ogre falante.

À data, ficou tudo muito indignado, e com razão, quando foram ouvidos os impropérios, principalmente porque eram injustos e puras inverdades. Ficou sempre no ar aquela névoa de ressentimento face à desproporcionalidade da predição.

Anos passaram.
Uma sucessão de acontecimentos vieram a dar, afinal, razão ao ogre. Que, no fim das contas, tinha acertado em cheio na leitura que fez da pessoa em causa e na previsão de futuro, que veio a revelar-se muito acertada. O visado, esse, nem percebeu.





Deixando de lado o palavreado já de si muito pouco erudito, é isto que me fode, mais do que tudo o resto.
Aquele monte de merda tinha razão, previu tudo isto, acertou em cheio e agora deve estar a rir-se que nem uma hiena ébria à conta de todos.



Foda-se mais a isto, caralho.

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