Esta semana, tive a (in)felicidade de encontrar a minha antiga entidade patronal num qualquer tribunal desta ilustre comarca da metrópole.
Vinha com a sua nova prole, uma pobre miúda, verdinha até na pele, que foi apresentada como a minha estagiária. Sem qualquer laivo de personalidade própria, como está bom de ver.
Depois dos cumprimentos da praxe, vira-se para a moça e, referindo-se à minha pessoa, diz-lhe: "Está a ver aqueles processos todos mal feitos que estão para lá no escritório? Foi esta senhora que os fez."
Devia ter-lhe, nessa altura dito, que o tempo dele de lançar bocas ordinárias e de me espezinhar já tinha acabado, que era por causa daquela conduta miserável que toda a gente que trabalhava com ele o tinha deixado, que por causa da maldade intrínseca e da falta de calor humano tinha uma sociedade que destruiu e que agora estava fadado a trabalhar sozinho, como um reles advogado de vão de escada, coisa que criticou durante anos e alto e bom som.
Mas, feita estúpida, não fiz nada disso.
Limitei-me a rir e a simular pressa, que tinha mais que fazer.
Mas arrependi-me de não ter dito nada.
Porque agora ando a remoer estas merdas e nunca mais tenho sossego interno.
Merda para mim.
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