terça-feira, 30 de outubro de 2012

Coisas Que Vejo Por Aí # 5

Aproveitando o último dia em cena, dei um saltinho ao Teatro Nacional D. Maria II para ver a peça Cenas da Vida Conjugal, de Ingmar Bergman .

É dificil explicar o quão fundo esta peça toca dentro do espectador ou quanto de realidade está presente nos diálogos daquelas duas personagens.

É dificil explicar a profundidade tocante e a sensação constante de temor e solidão presos em cada minuto.

É soberbo e soberba é também a sensação de poder assistir a um pedaço de existência sólida no meio de um palco.



Adriano Luz e Margarida Marinho são magníficos e encarnam na perfeição os personagens.

Excelente!



Nota: A sala estava repleta de gente. Como era o último dia de exibição, esperava-se uma enorme ovação de pé e eterna glória para os actores. Em vez disso, a plateia elouquecida riu a bandeiras despregadas durante a peça toda. Riam de todas as coisas que julgavam que ouviam os personagens dizer. Espantadíssima, olhei à minha volta, pensado que devia ser a pessoa mais estúpida à face da terra por não estar a ver onde estaria a piada num drama tão grande. Só vi velhotes e o que parecia gente pertencente a uma associação qualquer da infância desvalida ou qualquer coisa que o valha. Decidi ignorar. Mas foi impossível. Durante duas horas e meia, aquela gente gargalhou fortemente, como se fossem hienas bêbedas, de todas as deixas que os actores davam. Todas. Eu, que em muitos momentos, tive vontade de chorar, tal era a profundidade da mensagem que transparecia, vim para casa a alta velocidade, esperando que o senhor Google me garantisse que não fiz figura de tansa ao querer aplaudir em vez de rir. Afinal, percebi bem. Não era uma comédia. Mesmo. Pelos vistos, tive só azar com a plateia, que parecia toda fugida de uma casa de saúde mental. É melhor não tirar conclusões...

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