quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Li e Gostei


Tanta coisa, tanta conversa, tanta celeuma, barulho e polémica, e afinal é mais um livro de Saramago.


E não se entenda nisto qualquer tom reprovador ou depreciativo, mais um livro de Saramago é sempre uma obra prima, uma festa para os olhos, para a mente.


O que se quer dizer é que é mesmo ao estilo do escritor; não há em Caim nada de extraordinariamente maldoso acerca da igreja e de deus que não haja também noutras obras suas.


Para quem nunca reparou, o autor é particularmente crítico no que à religião diz respeito, factor largamente demonstrado em quase toda a extensão da sua escrita.




No entanto, consegue-se perceber porque tanta gente vociferou contra este livro, e também em jeito de interpretação pessoal, crê-se que a linguagem é, de certo modo, mais aberta, menos complexa, muito mais simplificada, o que dá para perceber o que se passa no enredo muito mais facilmente do que em qualquer outro escrito de José Saramago. Imagina-se que com a complexidade das personagens e da mensagem a ser transmitida, alguma coisa teria de ser suavizada para transmitir a ideia pretendida, e foi a linguagem. Assim, é muito mais simples perceber quando é que se casca forte e feio na religião, porque não há subterfúgios da linguagem, não há metáforas, nem complicações, nem faltas de pontuação;simplesmente, conta-se o que há a contar e chega.


Para quem for leitor assíduo do senhor, sabe que esta temática é uma constante, está sempre lá, seja de que maneira for. Só que antes andava tudo muito ocupado com sabe-se lá o quê para admitirem, sequer, que para além de falarem mal sem nada lerem, mesmo que o fizessem, pois é meus filhos, nem perceber conseguiam.


Deixá-lo, são coisas que acontecem.

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