Passeava alegremente, embuída no espírito de Natal, quando todo o mundo também resolveu sair à rua, de tal modo que nem deambular para ver montras dava sob pena de levar coices de todos os lados.
Entro numa loja, como se de último recurso se tratasse, sempre a fugir à multidão e a preguejar entredentes. Até que pus os olhos no escaparate e aquela passou a ser a melhor loja de sempre.
Encontrei isto,
que é como quem diz Pussy, single do novo disco de Rammstein ( que por acaso já consta na minha esfera de presentes mais que certos ). Estava ali tão só, tão carente, tão a chamar por mim, que não resisti a agarrar nele e a levá-lo para casa, para o juntar a toda a minha colecção de singles de dita banda que tenho, que é como quem diz, todos.
Apesar de não ter ainda ouvido grande coisa do novo trabalho, sim, porque sou boa menina e não fui chafurdar no que me hão-de dar, tenho resistido até à febre, levei para casa, toda contente. Quer dizer, levei até à viatura, que por acaso dispõe da tecnologia que permite ouvir antes de chegar à habitação.
Não me desiludi. Obviamente que Pussy é um intro comercial, uma música 'orelhuda', que chama a atenção, uma forma de promover o disco. Mas é totalmente a la Rammstein. Tem o cheiro deles, tem o sabor deles. Principalmente na segunda música que o cdzinho minúsculo ofertava. E ainda ganhei um poster.
Ouvir aqueles senhores é como reencontrar amigos de longa data, que mesmo não se vendo há tempos consideráveis, têm sempre conversa, têm sempre o que mostrar, o que contar.
Ouvi-los é como ouvir uma música esquecida à muito, como recordar, como voltar a vê-los mais uma vez.
Perguntei-me muitas vezes se me arrenpenderei algum dia de não ter ido ao Pavilhão Atlântico no dia 8 de Novembro para os ver.
Perguntei-me até ao dia que encontrei o single naquela loja manhosa e o fiz meu.
Como disse algures, sem qualquer ponta de mentira, de romantismo ou até exagero, Rammstein não é simplesmente uma banda. É uma espécie de religião, uma coisa que vem de dentro, uma coisa chamada música. Por todas as fases que uma existência providencia, Rammstein está em todas elas. É uma doença e simultaneamente uma cura.
Arrepender-me-ei de não os ter ido ver, mais uma vez?
Não.
Ao ouvi-los, percebi que não estaria certo ir ver sem ter ouvido, sem ter sentido, sem ter batido cá dentro primeiro. Não estaria certo ir sem saber cantar, nem sequer trautear as melodias que tanto trabalho deram a fazer ( literalmente ).
Não me perdoaria ir tão pobremente preparada para um encontro com os meus velhos e mais fiéis amigos.
Nem eles me perdoariam, se alguma dia pudessem saber.
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