A verdade é que nunca se tinham dado lá muito bem.
Conflito geracional, ideias novas versus ideias medievais.
Cada uma à sua maneira gostavam, obviamente, uma da outra, mas havia sempre uma qualquer coisa que se metia no meio, coisa essa que havia sempre de ser mais forte e sobrepor-se. Ou não.
No início, não era o verbo, mas havia um deus iluminado que reinava com paz e alegria este reino perdido. Ajudava, talvez, o facto de uma delas ser inimputável, logo, limitada em toda a extensão do ser, e ver na progenitora todo o bem do mundo, em que confiava cegamente, que nunca lhe faltou com nada.
A outra adorava o seu bebé, rosadinho e gordinho, palrador e amoroso, que comia montanhas e dormia como um anjinho, cheia de leite e beijinhos, abençoada seja.
Todavia, as progenitoras envelhecem e os inimputáveis não se tornam putáveis, mas torna-se responsáveis pelos seus actos, que é como quem diz, com idade para saber o que faz e se não souber, azar, já foste.
E a vida continua, como quem não quer a coisa, tenta-se incutir alguma coisa na cabeça das crianças, que isto agora é que tem de ser, apertar com elas, ensinar-lhes valores, princípios importantes para um dia mais tarde.
Para um dia mais tarde os guisarem com batatas, porque não servem para mais nada a não ser para ouvir dizer que no antigamente é que era; não foi assim que te eduquei; ensinaram-me assim e é assim que te ensinei, e mai nada.
Lembrar-se que se está no século XXI é mentira. O que interessa é tentar incutir o mais possível. O quê não se sabe. Mas incutir urge.
A verdade é que nunca se deram muito bem. Obviamente que se gostam, que se amam, e tudo, é mas é cada uma à sua maneira.
O que antes era uma necessidade de férias, porque se anda muito stressada, muito nervosa, tens de descansar, passou rapidamente, numa questão de dias, a uma calona desgovernada que não faz nada, só comer e dormir, quero ver onde isto vai parar.
O que antes seria uma pessoa aberta, dada a novas realidades, compreensiva para as mesmas, sem julgar ou criticar os actos de cada um, torna-se velozmente em pouca vergonha de geração, só querem é dormir uns com os outros, assim perdem-se todos, isto no meu tempo não era nada assim.
Antigamente, era a maior da aldeia mas passa depressa a burra que nem uma porta, sem objectivos nem vontade de trabalhar, principalmente quando comparada com os filhos dos outros.
O que antes era um presente brutal agora tem mas é que ficar guardado na caixinha, senão estraga-se e um dia mais tarde, não tens.
Tudo como deus quer, só que deus tem com certeza um problema no ouvido interno, perdeu o equilíbrio e só tem loção de um lado. Ou então tem um coiso enfiado no crânio, no lado em que se perde a noção da realidade, e se mede a existência com dois pesos e duas medidas. Diametralmente opostas.
Uma, faz o que pode, faz o que não pode, faz tudo pela outra. Esquece-se é que não pariu uma boneca, que a boneca não faz o que ela quer só porque sim, que a boneca tem objectivos diferentes dos dela que só por serem diferentes não são piores nem houve desvio de valores ou princípios estropiados por causa disso.
A outra agradecia coerência, conformidade de ideias. Para não pensar que passa de bestial a besta numa questão de dias. Para não passar os dias a pensar o que fez mal. Para não pensar que é enteada em vez de cria. Que não é, enteada, mas que as vezes parece. Uns dias sim, outros não, depende do estado de espírito.
Um dia, prendas, outro dia coices. A verdade é que nunca se deram lá muito bem; conflito geracional, lá está.
O resultado de pessoas esclarecidas a educar crias à la idade das trevas.
3 comentários:
Alguém teve um arrufo com a entidade materna...
Não ligues, elas são todas iguais
Anima-me não estar sozinha
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