Ainda não me consegui habituar.
Já passou uma semana e tenho sempre a sensação de o estar a ver em toda a parte. Quando olho de novo, afinal, era só um saco tombado a um canto, uma sombra de um casaco, uma partida que o cérebro pregou.
Ainda o oiço a esgravatar a caixa da areia ou a arranhar o sofá e os tapetes. Só para depois perceber que é só o frigorífico a fazer um barulho qualquer ou a vizinha de cima a andar pela casa ou as obras do 4º andar.
Ainda estou à espera de o ver pendurado na banheira quando puxo a cortina do duche para o lado.
Ainda vou todos os dias espreitar debaixo das mesas, no assento das cadeiras, e acho sempre que o vejo lá deitado a dormir. Só para depois perceber que nem mesmo querendo o consigo ver de novo.
Não me consigo habituar.
Não consigo compreender o que se passou.
Não consigo.
Ainda não consigo.
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